segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

"Reclamação sobre ineficiência policial na Amadora /Concelho da Mina"

(Retirado de http://www.sp-animais.pt/pt/spa_carta.html)

"o Zoófilo - Outubro/Dezembro 2004 - nº 25 - 3ª série

Esta carta foi enviada para a Governadora Civil de Lisboa, com conhecimento para a Sociedade Protectora dos Animais, Câmara Municipal da Amadora, Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, Procurador-geral da República, Comandante Geral da P.S.P. e Ministro da Administração Interna.
Estando devidamente reconhecida a assinatura de quem presenciou tais factos, só não divulgamos o seu nome, para salvaguardar a sua integridade física. Infelizmente é neste país que vivemos, onde nem as autoridades policiais são competentes, para travar a criminalidade e o abuso de poder sobre os animais. É mais fácil para a policia, fechar os olhos, olhar para o lado, fingir que não vê, a prender quem maltrata e assassina cães na via pública à paulada.
Mas vamos ler esta arrepiante carta que nos foi enviada.

C.C – Câmara Municipal da Amadora
Sociedade Protectora dos Animais
Liga Portuguesa dos direitos do animal
Procurador-geral da Republica
Comandante Geral da PSP
Ministro da Administração Interna

Exmo (a) Senhor (a)
Governador Civil de Lisboa
Sra. Dra. Teresa Figueiredo de Vasconcelos Caeiro
Rua Capelo
1249-110 Lisboa

Lisboa, 17 de Agosto de 2005

Assunto: Reclamação sobre ineficiência policial na Amadora /Concelho da Mina

Lutas de cães

Exmo (a) Senhor (a)

Venho por este meio manifestar o meu total desapontamento e indignação com a prestação da Policia da Esquadra da Mina e a consequente falta de humanidade com todos os seres vivos.
Ontem, dia 16 de Agosto de 2005 às 02h10m da manhã, telefonei para a referida esquadra, afim de poderem intervir numa situação que me pareceu no mínimo lamentável e desumana, digna de um espectáculo bárbaro do século XV, mas que aparentemente sem importância para as ditas autoridades deste País, ou seja, a Av. Lourenço Marques (Amadora-Mina), teve mais uma vez a oportunidade de ouvir e ver o que se vai passando dia após dia naquela rua, além dos assaltos constantes a tudo e todos, em que inclusive também já fui vitima, somos agora observadores sem qualquer poder de acção de luta de cães constantes.
Cães esses na sua generalidade de raça “Pitt-bull” ou “Rotweiller” pertencentes a pessoas que residem no bairro de barracas na Quinta de Santa Filomena, e que se dão ao luxo de noite colocarem os seus treinados cães a morderem até matarem outros animais que passam abandonados, esses quando não morrem nas lutas, dá-se o caso que se passou ainda ontem, de os espancarem com paus na cabeça e não só, até morrerem e já não conseguiram gritar mais.
Depois dos primeiros “gritos” de aflição do cão em causa, que por acaso estava a passar na rua errada á hora errada, levantei-me e telefonei para a Policia, passando-lhe a mensagem do que se estava a passar e dizendo onde se encontravam essas “pessoas” que de humanos tem muito pouco, inclusive dizendo à policia a roupa que trazia vestida o indivíduo que estava a matar o cão, e que já não é a primeira vez, porque já foi visto em circunstâncias iguais com outras vitimas, ao qual o policial que me atendeu retorquiu que ia mandar um carro para a zona...qual não é o meu espanto que depois de 10 minutos apareceu um carro da policia, passou pelos indivíduos em causa, situados no sitio que eu referi ao telefone ou seja no fim da Av. Lourenço Marques, deu uma volta e foi-se embora, tendo eles tempo para fugirem, agarrarem no cão ainda com vida e quando a policia deu a curva da rua eles espancarem o cão até já não se ouvir mais nada...
Penso que perante uma situação destas, qualquer pessoa minimamente humana se revoltaria, porque se nem as autoridades têm competência para actuarem nestas situações, que repito são diárias, o que poderemos fazer nós cidadãos indefesos e sujeitos a todo o tipo de retaliação por parte destes indivíduos que em nada contribuem para a Sociedade.
Em resumo da explicação dada a questão que coloco é: “Em que tipo de casos está a policia apta a responder e a actuar?”, “não deverá a policia no minimo identificar as pessoas?”
Não tomando mais o tempo de V. Ex.a, agradeço toda a disponibilidade que teve em ler a minha carta.
Subscrevo-me com os melhores cumprimentos,
Atentamente
Assinatura reconhecida"

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Simples Registos!

Passamos o tempo a complicar a vida, contudo, e ao que parece, é a simplicidade que dá sentido ao que vivemos. São os momentos simples que mais nos preenchem e triunfam na nossa memória;
(c) Mintegui

É aquele céu que o sol teima em “bronzear” a cada dia que finda, é o sabor do quente café ao abrir a fria manhã, é o cheiro das torradas pelos corredores da casa, é o vendedor de castanhas que ocupa com a sua baforeira a paisagem da baixa, é um beijo sentido, um sorriso profundo, um sono tranquilo, um animal acolhido, o afago de uma mão, o abraço de um amigo, o regresso a casa, o Porto sentido, a ribeira que se faz brindar com o refrescante verde vinho, a beleza espontânea de uma orquídea, sobrevoar montanhas e partir à descoberta do mundo errante, o capricho de um pedaço de chocolate que lentamente se derrete num interior oculto, a evasão de um fim de semana, a serenidade da correnteza de um rio, a neve que tinge o cinzento do dia, os ocres que pintam a cor da terra, a evidência de alguém, uma música que apetece dançar, a imprevisibilidade de um caminho, o nascimento que se prenuncia num segundo, a ambição de um sonho, a coerência de um sentimento, a lareira que aquece o escuro da sala, a palavra que dita o equilíbrio entre as razões, a genialidade do acto de criar... E sei lá quantas mais são, as reticências que terminam o incomplexo da nossa singular existência!

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

APELO URGENTE!

"Juntos podemos fazer a diferença!

Caros Amigos,


Mais uma vez temos uma situação de extrema urgência em mãos. Recebemos um apelo de que se encontrava uma cadelinha, tipo caniche, na rua, cega e muito doente. Fomos até ao local e deparamo-nos com um sere vivo nas piores condições. O pêlo era um nó só, muito suja, deitada em cima das próprias fezes. Quase não se levantava e quando andava mancava muito. Completamente cega, andava às cabeçadas aos carros e às paredes... os seus olhos pediam ajuda. Levamo-la para ser tratada e só a tosquia levou 3 horas. O pêlo estava cheio de cimento o que provocou uma irritação na pele, o rabinho estava todo assado das fezes. Depois de tosquiada e de banho tomado nem parecia a mesma cadela. Ficou linda. Super contente pulava para cima de nós, lambendo a nossa cara como forma de agradecimento. Deixou logo de mancar e só queria correr tal era a felicidade. Conseguimos que uns vizinhos ficassem com ela em casa até arranjarmos dono definitivo mas não tiveram paciência e ontem à tarde puseram a cadela na rua (para ir dar uma volta sozinha – CEGA). Resultado... a cadelita perdeu-se. Soubemos à noite que tinha sido atropelada (o carro nem parou, claro). Uma rapariga cheia de pena e sem saber o que fazer e de quem era a cadela recolheu-a. Soubemos hoje que esta rapariga a tinha mas apesar do alivio de sabermos que a cadelita está bem continuamos com o drama de não termos sitio onde a colocar pois a rapariga não a pode ter mais. A situação é a seguinte: até às 21h temos que encontrar um sitio para abrigar esta cadelita. Deve ter 14 quilos, é cega, muito linda e meiguinha. Por favor, se não puderem recolher esta cadelita passem aos vossos contactos, não consigo imaginar no que vai acontecer se não conseguirmos sito para ela LA foto foi tirada antes de tratada... agora está muito limpinha!

Susana 966 163 005/ 964 242 926 susanalmeida99@yahoo.com" / Localidade - Barreiro

..."Caros Amigos

Infelizmente a vida da cadelinha arraçada de caniche, cega, continua a correr mal. Depois de ter sido adoptada e com a promessa que iriam tomar bem conta dela, estando a cadelinha a ser tratada às custas da SOS Bicharada, resolveram colocar a cadela na rua, sem sequer nos comunicarem. Só agora a filha telefonou, porque infelizmente a cadelinha foi atropelada e fracturou uma pata e estava lá á porta, o que os incomodava. Vai ser feita participação na policia. Está neste momento com a Susana no veterinário e estamos aflitas pois não temos um único cantinho onde a colocar....
Precisamos urgentemente de um sitio temporário ou um dono definitivo para esta cadelinha doce que merece uma vida melhor.
Junto vai foto, depois de tosquiada.

POR FAVOR AJUDEM-NOS !"



"Deveríamos ser capazes de recusar-nos a viver se o preço da vida é a tortura de seres sensíveis."



Mohandas Gandhi

sábado, 14 de janeiro de 2006

Amarras que o coração tão bem escreve...

As amarras de amar nos histórias de encantar;

Quando nos prendemos ao mundo.
Quando agarramos a vida.

Quando dizemos com ternura a palavra mãe.
Quando sentimos a beleza do mar, a asa da liberdade, a solidez da terra.

Quando as folhas cobrem de verde a face do mundo.
Quando o sol se levanta e não queremos que se deite e se perca num momento.

Quando a lua quase rebenta de luz e o escuro da noite empalidece.
Quando as estrelas brilham nas marés do céu.
Quando um olhar acaba em nós.

Quando um sorriso se agarra como a âncora ao chão.
Quando as palavras dos poetas se mostram como as velas de um barco.
Quando o toque se desfaz em magia.

Quando a serenidade da lembrança não se desnorteia pelos caminhos da cidade.
Quando o desejo não se perde pela loucura.

Quando a felicidade é a ambição da eternidade.
Quando te revelas o perfume de alguém.

Quando o orgulho não nos tolhe os sentidos.
Quando a sensualidade se torna num suspiro da pele.

Quando a esperança anseia pela paz.
Quando a madrugada chama pela manhã.

Quando um beijo é como uma ilha no gesto de um instante.
Quando preenches o nada de outra alma.

Quando o Outono é apenas uma estação de transição.
Quando o amor avança sem medo de falhar!


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(c) Jorge Palma

"Quando olhas para mim e vês o que eu vejo"... já é tanto para esta noite, quero parar, mas não consigo, quero apenas voar, sobrevoar o monte, o planalto, sentir os cheiros, o vento, não desistir e entender o mundo, entender o que pensam os homens dos seus silêncios?...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

África - o filho renegado...

"Ralph Fiennes é Justin Quayle, um alto diplomata britânico a servir no Quénia. A sua mulher Tessa (Rachel Weisz) é uma activista que aparece morta passados 10 minutos de filme. Ao investigar, Justin descobre que Tessa sabia demais e tenta encontrar justificações para a morte dela, num enredo complexo que envolve conspirações, lobbies farmacêuticos e experiências de drogas em "cobaias humanas" moribundas.
...
Meirelles destila competência pelos quatro costados. Tem a acutilância de um Michael Moore pela forma como mete o dedo (e as duas mãos) na ferida e tem a mestria de um Peter Jackson no modo como usa a panóplia de recursos cinematográficos que tem ao seu dispôr para transmitir a gama de fortíssimas emoções que este filme transpira.

Menti ali em cima. Terei de revelar um pouco mais do enredo para perceberem o quão profundo Meirelles é (e vai) na forma como pensa, interpreta e executa esta adaptação da obra de John Le Carré. À medida que Justin vai investigando os segredos que Tessa guardava, Meirelles executa, com notável precisão, sequências de close-ups, imagens rápidas ou travellings suaves para transmitir a dor, incompreensão ou a incerteza que pululam pela mente de Ralph Fiennes ao longo do filme. Este assina um trabalho como há muito não via, exibindo, no écran, um carácter aparentemente calmo, mas que se acaba por perder em determinados momentos, inevitavelmente. Raiva, frustração e amor são outros vocábulos pelos quais Fiennes pauta a sua excelente interpretação, sempre com a alma de Tessa, a sua "casa", como inspiração. Porque, no meio das conspirações e dos lobbies, resta o amor, se calhar o último dos mais puros sentimentos e a última hipótese de unificar a espécie humana em torno de algo maior, que não sejam os interesses económicos.

O argumento é uma adaptação de um romance, como já foi referido. Mas a sua actualidade é inquestionável e as teorias da conspiração que levanta serão, com toda a certeza, muito mais do que isso. Serão factos indesmentíveis cuja veracidade nós, simples humanos a viver os nossos dia-a-dias mesquinhos e pacatos, nunca poderemos asseverar. No entanto, a ideia de existirem lobbies farmacêuticos a facturar milhões de dólares à custa das mais vis doenças humanas, como a SIDA ou a emergente gripe das aves, está longe de parecer disparatada. Terei de relembrar as pessoas que já foram com os cães após experimentarem o tão propalado Tamiflu, esse Santo Graal contra uma epidemia que ainda nem existe?

E quantos de nós alguma vez parámos para pensar no número de vidas que custou o actual grau de sofisticação dos medicamentos? Quantas vidas, quantos sonhos, quantas esperanças... Quantas potenciais experiências em animais e humanos para que nós possamos não ter dores de cabeça ou hemorróidas. Foda-se, uma dor de cabeça... O que Meirelles nos mostra, o que aquelas pessoas aguentam e sofrem por um comprimido faz-nos relativizar quase tudo.
...
Meirelles mostra também uma África empobrecida, triste, laranja, poeirenta, perdida no espaço e no tempo, que parece ter saltado umas quantas gerações de desenvolvimento, e à qual parece faltar quase tudo, menos uma alma e uma esperança, patente na cena final do filme, demasiado poderosa. E é esta África que é, aqui, palco do maior laboratório de experiências farmacêuticas à face da terra.

Tempo é dinheiro. Vidas moribundas, e ainda mais africanas, são baratas aos olhos da ganância.
Quanto mais rápido sai o medicamento, mais dinheiro se ganha. Não importa o preço em vidas.
E o mundo é mais triste, por haver gente assim a desonrar a nossa espécie...
Fazer isto a animais é cobardia. Fazer isto aos da própria espécie é desumanidade...
Mereceremos andar aqui? Talvez não, por isso creio que a nossa extinção já terá data marcada nos cânones divinos.

São apenas algumas das minhas reflexões, cada espectador do filme terá as suas.
Como já devem ter percebido, o filme, enquanto tal, é soberbo.
...
Para o resto do mundo, Fernando Meirelles mostra, com este filme, que é um realizador de estalo, pois alia uma notável capacidade de contar histórias delicadas com a mestria cinematográfica dos melhores do ramo. O argumento é tremendamente sensível, incomoda, mas abre consciências a martelo, o que nos dias de hoje é essencial pois, de alguma forma, há coisas que têm que chegar aos olhos e ouvidos do mundo.
Restam as minhas desculpas por esta crítica não ter sido tão linear como as precedentes, mas a hora vai alta e este filme é um campo de estudo tão vasto e subjectivo que é impossível sintetizar tudo em algumas linhas...

O melhor: Os polegares levantados das crianças no final. O olhar de Ralph Fiennes. O argumento. O amor. A raiva que os lobbies, a corrupção e o "fechar de olhos" provocam no espectador. As consciências iluminadas com uma porra dum holofote de 500W. A inocência perdida. O acreditar nas nossas causas e nos nossos princípios. Fernando Meirelles.

O pior: O poster do filme, como se pode ver. Uma paneleirice tão mal escolhida que, à primeira vista, faz o filme passar por um dramalhão romântico de Domingo à tarde. Não se deixem enganar!

Veredicto: Se calhar, o melhor do ano, a par de Crash."

Obrigada Edgar.