domingo, 31 de outubro de 2010

Para quando o novo canil/gatil municipal de Lisboa!??????

"Esclarecimento – o projecto das obras no canil /gatil municipal foi o mais votado pelos lisboetas no Orçamento Participativo de 2009/2010. Neste momento, está para votação o Orçamento Participativo de 2010/2011 que até tem direito a cartazes de rua.
Em 3 de Maio o Vereador Sá Fernandes declarou na RTP1, no programa «Portugal em Directo», que as obras no canil/ gatil se iriam iniciar em finais de Setembro/Outubro.

Agora, a 26 de Outubro, uma munícipe de Lisboa recebe um e-mail da Equipa do Orçamento Participativo, junto da qual protestou dizendo que “até deviam ter vergonha de falar neste orçamento participativo quando ainda não iniciaram os projectos aprovados no passado ano”, informando que o “ Projecto 3ª Fase de Construção do Canil/Gatil Municipal, um dos Projectos Vencedores do OP2009/2010, está a seguir os trâmites normais, estando o Projecto de Execução concluído e aguarda o Lançamento da Empreitada “.

Ou seja, quando reunimos com a CML em 1 de Julho foi-nos dito que o projecto tinha ido para a Divisão de Obras para o lançamento do concurso de empreitada e 4 meses depois, pelos vistos, aí continua bem paradinho.

Entretanto, as condições em que continuam os animais podem ser vistas neste vídeo feito em Outubro de 2010. Só não se sente o cheiro nauseabundo nem se ouve o choro incessante dos animais.

http://www.youtube.com/watch?v=a6OjgmsXmo8&feature=player_embedded

ver mais em http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/"

......................

"O projecto que os munícipes votaram estava orçamentado em 375 000 euros

(http://www.cm-lisboa.pt/archi/doc/OP_343o_projectos_vencedores.pdf)

Agora em e-mail de 29/10 dirigido a um munícipe, a equipa do Orçamento Participativo escreve:

“A verba do projecto vencedor (350.000€) está cativa e aguarda-se o lançamento da empreitada para breve.

Todos os projectos vencedores nos Orçamentos Participativos da Câmara Municipal de Lisboa são implementados, conforme compromisso assumido com os cidadãos”.

O compromisso é de 375 000 euros e não de 350 000!"

Fonte: http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

... "ter intimidade"...

Foto: (c) Joana Guerra

(...) " Que significa "ter intimidade"?
- É uma coisa demasiado esquecida - explicou a raposa. - Significa "ter relações de proximidade".
- Ter relações de proximidade?
- Sim - confirmou a raposa.- Para mim, tu não passas de um rapazito semelhante a cem mil outros rapazitos.
Não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Para ti, eu sou uma raposa semelhante a cem mil raposas. Mas se tiveres intimidade comigo, precisaremos um do outro.
Tu serás, para mim, único no mundo. E eu serei, para ti, único no mundo...
- Começo a compreender - disse o principezinho. - Há uma flor...julgo que ela tem intimidade comigo...
É possível - respondeu a raposa. - Vê-se de tudo na Terra...
- Oh!, não é na Terra - exclamou o principezinho.
A raposa mostrou-se intrigada:
- Noutro planeta?
- Sim.
- E nesse planeta há caçadores?
- Não.
- Isso interessa-me! E galinhas?
- Também não.
- Não há nada perfeito - suspirou a raposa.
Mas, retomando a sua ideia, a raposa prosseguiu:
- A minha vida é monótona. Caço galinhas e os homens caçam-me. Todas as galinhas se assemelham e todos os homens se assemelham. Por isso, aborreço-me um pouco. Mas se tiveres intimidade comigo, a minha vida encher-se-á de sol. Passarei a distinguir um ruído de passos diferentes de todos os outros. Os outros passos fazem-me esconder debaixo da terra. Os teus, como uma melodia, convidar-me-ão a sair da toca. E depois, olha! Vês além os campos de trigo? Eu não me alimento de pão. O trigo, para mim, para nada presta. Os campos de trigo nada me evocam. E isto é triste. Mas o teu cabelo é da cor de ouro. Se tiveres intimidade comigo, será maravilhoso. O trigo loiro far-me-á lembrar de ti. Apreciarei o sussurrar do vento por entre os trigais..."

(...)

" - Só se conhece aquilo com que se tem intimidade - comentou a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer seja o que for. Compram coisas feitas aos vendedores. E como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se quiseres ter um, tem intimidade comigo!
- Que hei-de fazer? - perguntou o principezinho.
- Precisas de ser muito perseverante - explicou a raposa. - Ao princípio, sentas-te ali na erva, um pouco longe de mim. Espreitar-te-ei pelo canto do olho e tu nada dirás. A linguagem é fonte de mal-entendidos. Depois, dia a dia, vens sentar-te um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era preferível teres vindo à mesma hora - disse a raposa. - Se vieres, por exemplo, às quatro horas da tarde, a partir das três horas começo a ser feliz. Quanto mais se aproximar a hora, mais feliz me sentirei. Às quatro horas perturbo-me e inquieto-me; descobrirei, assim, o valor da felicidade! Mas se vieres seja quando for, nunca sei a que horas hei-de ataviar o coração...São precisos ritos.
- Que é um rito? - perguntou o principezinho.
- É também uma coisa demasiado esquecida - respondeu a raposa. - É o que faz que um dia seja diferente dos outros dias, uma hora das outras."(...)

In "Principezinho" de Saint - Exupéry.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pravi, precisa de ração, mantas e afins...

"A PRAVI está desesperada com falta de ração (e mantas) para alimentar todos os nossos animais existentes em hoteis e FAT’s.

Primeiro, vimos solicitar que nos ajudem com vista a angariar o mais rápido possível alguma ração. Segundo, estamos em vias de conseguir uma campanha de recolha de alimentos na zona de Lisboa, PRECISAMOS DE MAIS VOLUNTÁRIOS, aliás poderão inscrever-se apenas com vista a essa campanha que em princípio será bimensal.

Se todos dermos um bocadinho, tudo é mais fácil para nós e a carga alivia um pouco.

Muito obrigada.

Contacto: 91 910 45 76;

91 848 43 61;

92 541 11 38;

e.mail: botasebigodes@gmail.com

Pravi- Nucleo de Lisboa"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nada mudou...

Foto: (c) João Correia

"O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."

Eça de Queirós

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

"ASSIM VIVEM TRÊS URSOS, HÁ CINCO ANOS"

O relatado por esta amiga dos animais nesta denúncia é inacreditável. Como se pode compreender que três ursos sobrevivam fechados num cubículo, onde nem um cabe, há pelo menos 5 anos, mal alimentados e negligenciados, como se entende que num país integrado na União Europeia, num mundo dito civilizado, as autoridades nada façam para resolver esta situação!?




"NA ZONA DE MARCO DE CANAVEZES - NORTE DE PORTUGAL, TRÊS URSOS VIVEM NESTAS CONDIÇÕES ABOMINÁVEIS, HÁ CINCO ANOS!

Um circo falido deixa para trás esta situação de miséria: 3 ursos dentro de um camião, numa jaula de 2 por 3 metros. Apreendidos pelo ICNB por falta de docu...mentação legal, estes três ursos vivem à guarda do filho do proprietário do circo agora falido. São alimentados a pão, cedido pelas padarias das redondezas.

INDIGNIDADE, DESOLAÇÃO E PRECARIDADE ABSOLUTA. PORTUGAL - A EUROPA NÃO MORA AQUI! ALGUMA SUGESTÃO?
anabelamayor@gmail.com
TM.919853960"

...

(...) "As pessoas grandes gostam de números. Se lhes falam de um novo amigo, nunca interrogam sobre o essencial.
Nunca perguntam: "Como é o tom da sua voz? Que jogos prefere? Será que colecciona borboletas?" Mas perguntam: "Quantos anos tem? Quantos irmãos tem? Quanto pesa? Quanto ganha o pai dele?" Só então julgam ficar a conhecê-lo. Se disser às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolo vermelho, com gerânios nas janelas e pombas no telhado...", não conseguem imaginar uma casa assim. É preciso dizer-lhes: "Vi uma casa de quinze mil contos".
Então exclamam:"Que linda!"
Do mesmo modo, se lhes disser "A prova de o principezinho ter existido é que era encantador, ria e queria uma ovelha. Querer uma ovelha prova que existe", encolhem os ombros e afirmam: "Criancices"!"...


In "O Principezinho", Saint-Exupéry.

Foto: (c) Mariah

domingo, 24 de outubro de 2010

Sempre


D
o teu passado

não tenho ciúmes.

Vem com um homem
às costas,
vem com cem homens nos cabelos,
vem com mil homens entre o peito e os pés,
vem como um rio
cheio de afogados
que encontra o mar furioso,
a espuma eterna, o tempo!

Trá-los a todos
ao lugar onde te espero:
estaremos sempre sós,
estaremos sempre, tu e eu,
sozinhos sobre a terra
para começar a vida!

in Os Versos do Capitão, Pablo Neruda.

O que eu quero para a vida?

(...) "O que eu quero para a vida?
Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta.
Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder:
-Quero dormir!

Mas , assim, a fazerem-me logo pela manhã, fico sem palavras.

Voltem logo à noite, pode ser?
Eu logo vos respondo." (...)


In "O homem ou é tonto ou é uma mulher" de Gonçalo M. Tavares.



Foto: (c) José António

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Cães também sofrem com doenças sexualmente transmissíveis"

A meu ver, um pouco exagerada, mas penso que a informação é válida...

"Os cães também sofrem com o TVT (tumor venéreo transmissível), que é uma doença venérea assim como, AIDS, câncer, gonorréia e a sífilis em seres humanos.

A doença é um tumor ou uma espécie de câncer que dá através da transmissão de células doentes para o órgão genital do animal, no macho ou na fêmea e ela é transmitida pelo contato sexual de um animal sadio com o contaminado, ou até mesmo pelo hábito de cheirarem-se. Neste caso o tumor pode se instalar no nariz ou até na boca do animal.

O médico veterinário William Ferreira afirma que quanto antes detectado o tumor no cão ou na cadela, melhor será o resultado do tratamento. “Os donos devem trazer seus animaizinhos de estimação pelo menos a cada seis meses, para uma consulta com o veterinário”.

Em alguns casos o tratamento necessita de quimioterapia e/ou cirurgia, por isso o melhor caminho a ser tomado é evitar o contato de nossos animais com cães desconhecidos, principalmente cães de ruas.

“Tome sempre cuidado quando sair com seu cão pela rua e nunca deixe que ele saia sozinho” comenta o veterinário.

Evitando o contato direto entre os animais, seja sexual ou não, você evitará a transmissão deste tumor, além de evitar outros problemas como possíveis brigas e transmissão de outras doenças infecciosas. Afinal nossos animaizinhos de estimação merecem todo cuidado."

(Nota: Segundo sei, mas pode investigar, esta doença só é transmissível entre animais não castrados/esterilizados.)

Fonte : Animais S.O.S


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A grandeza de um ser...

Recebi um e.mail, que me contava esta história, achei de tão grande beleza, que não podia deixar de a divulgar...


"Morador de rua cuida de 10 cães



Rogério é um morador de rua que vive numa carroça coberta com 10 cães, entre eles, alguns encontrados em condições extremas - espancados pelos antigos donos, jogados pela janela de um caminhão, doentes, abandonados e esfomeados, largados ao léu, amarrados em postes etc.

Vive de doações de ração, remédio e comida. Os cães são muito bem tratados, mas dependem do amor e do carinho que o Rogério tem por eles, e da caridade daqueles que o conhecem e admiram.



Ele fica próximo a pontos de ônibus na avenida Georges Corbusier, após a rua Jequitibás (região do Jabaquara, em São Paulo), os cães não atrapalham ninguém, são super-educados e simpáticos (todos castrado(a)s) e passam boa parte do dia dentro da carroça.

Ele é muito querido pelos comerciantes da região, mas o problema é durante a madrugada, quando bêbados no volante, e garotos usuários de droga na região, tem sido uma constante ameaça. Rogério já foi espancado por jovens drogados e chegaram a jogar álcool nele enquanto dormia com os cães dentro da carroça, por sorte não tiveram tempo de acender o fósforo, pois um dos cães latiu e o avisou do perigo.




Ele é um exemplo de como uma pessoa pode se doar. Alguém na condição dele, poderia ter escolhido outros caminhos, mas Rogério demonstrou coragem e decidiu perseverar. Além de ser uma pessoa de muito valor, faz caridade prá deixar muito bacana por aí no chinelo. Sua presença ilumina os lugares por onde passa, mas ele já está cansado e também não é mais tão jovem assim.



Assim, é diante de tudo isso peço que ajudem a divulgar esta história para que o Rogério possa conseguir uma oportunidade que lhe propicie melhores condições de moradia e de vida, em qualquer cidade, para que ele possa cuidar não somente dos seus, mas de outros tantos cães abandonados por esse Brasil, e que precisam de muitos cuidados e de carinho. Já lhe ofereceram abrigo, mas desde que os cães ficassem para trás, e o Rogério recusou, pois para ele, estes cães são como filhos; são sua familia.



Outro dia ele estava levando todos os cães para um pet shop para tomar banho - eram 11 cachorrinhos felizes – eram originalmente 10, mas agora apareceu mais um, um fox paulistinha que eu não conheci porque no momento que conversamos estava no banho. Ele disse que havia passado remédio contra pulgas nos cachorros, e que o tal remédio é meio melado, e então teve que dar banho em toda a tropa. Perguntei quanto ele iria gastar para dar banho em toda aquela tropa de cachorros, e ele, sorrindo como sempre, disse que a moça do pet shop o ajudava e não cobrava nada. Santa alma! Aí eu perguntei a ele – e você? Onde toma banho? E ele me respondeu que tomava banho no posto de gasolina da esquina, banho frio, gelado mesmo. Disse que como era nordestino, estava acostumado.

As vezes faltam palavras que possam definir a grandeza de uma alma como esta, que mesmo não tendo quase nada para si, dá o pouco que tem para minorar o sofrimento desses pobres animais de rua. Muito mais importante do que as aparências, a riqueza, e o poder ostentado pelas pessoas, são suas atitudes e seus valores éticos e espirituais."

domingo, 17 de outubro de 2010

Coisas da alma...

Sinto falta dos amigos que deixei lá atrás.
Sinto falta das paixões "sofridas" da adolescência.
Sinto falta do primeiro beijo.
Sinto falta do Tulicreme e de comer Cola Cao à colherada.
Sinto falta dos doces da mãe e dos ralhetes do meu pai.
Sinto falta do aconchego da avó e dos Domingos passados na casa dos avós.
Sinto falta da companhia dos manos.
Sinto falta dos meus melhores amigos (canitos), aqueles que me viram crescer: Heidi, Laika, Joky e Piloto, que me deixaram bem no início da minha caminhada...
Sinto falta da minha mochila amarela com botão vermelho.
Sinto falta do recreio da minha escola.
Sinto falta do meu triciclo e dos meus patins.
Sinto falta do baloiço.
Sinto falta de trepar às árvores e de observar os girinos nos riachos, das águas límpidas dos rios.
Sinto falta das férias de Verão passadas à toa....
Sinto falta da inconsciência de uma idade e da ingenuidade da infância.
Sinto falta de brincar na rua.
Sinto falta do professor de Filosofia e de faltar às aulas de Religião e Moral.
Sinto falta das primeiras descobertas.
Sinto falta de correr descalça pelos campos de cultivo.
Sinto falta de colher amoras.
Sinto falta do meu velho amigo "galo", dos magustos no pinhal.
Sinto falta de coleccionar horários escolares e não ter aulas ao Sábado de manhã.
Sinto falta de "subtrair" fruta aos pomares dos vizinhos.
Sinto falta das viagens que não fiz.
Sinto falta de falar sobre nada...
Sinto falta de ter tudo para ser feliz.
Sinto falta...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"Nada me prende a nada"...

Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Álvaro de Campos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

..."Gozava a minha própria natureza, e todos nós sabemos que é aí que reside a felicidade"...

(...) Passava também por generoso e era-o. Dei muito, em público e em particular. Mas, longe de sofrer, quando era preciso desfazer-se de um objecto ou de uma quantia em dinheiro, tirava daí constantes prazeres, o menor dos quais não seria uma espécie de melancolia que, por vezes, nascia dentro de mim, ao considerar a esterilidade destas dádivas e a provável ingratidão que se lhes seguiria. Tinha mesmo tal gosto em dar que detestava ser obrigado a isso. A exactidão em coisas de dinheiro maçava-me, e encarava-a sempre de mau humor. Precisava de ser senhor das minhas liberalidades."...

Albert Camus





Foto: (c) André R. Araújo


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pensamentos...


Foto: (c) Joana

Com facilidade associo as duas palavras, gente e desilusão.

Por acaso ou não, animal algum (leia-se irracional) por momentos me desapontou, fosse lá de que forma fosse. Já os outros, os racionais, fazem-no diariamente. É inato, talvez. É da nossa natureza. Ao contrário dos animais, nós mentimos, iludimos, induzimos, falseamos... somos desleais e arrogantes. Vivemos com dificuldade em perdoar, no cimo de um pedestal de vidro, tão frágil como nós próprios. Inseguros, cobardes, indiferentes, somos complexos nas nossas relações e frustramos com constância as expectativas que os outros, ingenuamente ou de boa fé, depositam em nós...

Banalizamos as palavras, usamo-las à toa, fazemos promessas que sabemos não cumprir... Irascível e calculista, o ser humano na sua essência não é fiável, não reside em si essa inerência...