quarta-feira, 29 de junho de 2011

BOAS NOTÍCIAS PARA CASCAIS!

Protocolo com a Câmara Municipal de Cascais


Relembramos que, no âmbito do protocolo entre a associação Animais de Rua e a Câmara Municipal de Cascais, a Fundação Francisco de Assis está a esterilizar gratuitamente animais carenciados do concelho de Cascais. Caso proteja animais de rua ou carenciados neste concelho, poderá inscrevê-los no nosso programa de esterilizações através do formulário online do nosso website: http://www.animaisderua.org/candidatura   Muito obrigada! Contamos com a sua ajuda para conseguirmos fazer cada vez mais e melhor, pelos animais! 

A equipa da Animais de Rua  http://www.animaisderua.org/ geral@animaisderua.org  

Por: Animais de Rua

terça-feira, 28 de junho de 2011

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? 

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. 
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. 
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. 
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. 
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'


segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que não se promove nos postais turísticos...




‎...Antes de viajarem para um qualquer país, ao informarem-se sobre os monumentos e outros locais de interesse a visitar, procurem também todo o tipo de  informação disponível sobre a forma como os animais são por lá tratados. Depois, em consciência, decidam se devem ou não apoiar, com o vosso dinheiro e visita, estas deploráveis realidades!... Quanto menos não seja, caros amigos dos animais (os que se dizem seus amantes e protectores, activistas e afins...) , façam-no por uma questão de coerência e sensibilidade...

Muitos são os que se dedicam à "causa" nos seus países de origem e que depois, quando decidem ir passear para um destino estrangeiro, estão-se a "borrifar" para estas questões, o que é, a meu ver, uma hipocrisia... E não me venham com o argumento de que "a ser assim, não se viaja para lado algum"; não passam de desculpas, falsos argumentos...

Claro que existem animais mal tratados e negligenciados em qualquer parte do mundo, pois gente de mau carácter, mal formada e pobre de espírito habita pelo planeta fora, mas também é verdade que felizmente e, por exemplo, na Europa existem alguns países onde as leis de protecção animal (que são efectivamente cumpridas/punitivas), de defesa dos seus direitos e dignidades são uma realidade, bem como governos e autoridades sensíveis à problemática dos maus tratos a animais... São países que considero de primeiro mundo, onde a maioria das mentalidades é evoluída e não têm como prática recorrente deitar fora um animal quando já não "presta", onde o abandono, negligência e maus tratos são recriminados e seriamente punidos ...

Considerem como critério de escolha para o vosso destino de viagem, por exemplo, o facto de um determinado país tratar de igual ou pior modo os seus animais que em Portugal... Averiguem se também lá serão ou não considerados lixo descartável, envenenados, enforcados, escorraçados e depois tomem a vossa decisão em consciência. E informem-se, pois a ignorância dá jeito, mas não serve de desculpa!...


Países situados na Europa onde os animais são tratados como lixo ou pior... - A saber: Espanha, Itália, Grécia, Chipre, Roménia, Bulgária, Croácia, Sérvia, Albânia  Turquia... 
Mais informações, testemunhos, fotos e factos aquiEsdaw - European Society of Dog and Animal Welfare. e Holiday in Greece: A Warning to Animal Lovers e A flair country with a black soul

domingo, 26 de junho de 2011

"Ainda o Sem Abrigo"



Já vos falei dele, sim aqui . Dois anos passados, continua sem se adaptar. Já não anda tão limpo e, a pessoa que o acolheu está quase tão louca como ele. A responsabilidade é grande. Esquece os medicamentos, bebe muito e vagueia sabe-se lá por onde. Depois de regresso, volta sujo, faz zaragatas durante a noite. Numa sociedade estruturada e cautelosa desconfia-se e temem-se os marginais, os aparentemente loucos e os verdadeiros loucos. Queremos segurança e uma cidadania responsável. Questiona-se o que se paga para usufruir de um espaço com certezas de alguma segurança. Sem piedade, também acusei, e não gostei que um louco meio andrajoso se misturasse com as crianças no jardim. Depois, habituei-me a ele. Tolerei e condenei-me também. E agora que está ainda mais degradado, finalmente falei com ele.

Apanhada desprevenida, hesitei, mas... Raios, é apenas uma pessoa  problemática e doente! Subserviente e cheio de tiques, prontificou-se a carregar o meu saco de garrafas vazias até ao ecoponto. Confiei e cedi. Apagou o cigarro que estava a meio e guardou-o na beira do muro para mais tarde o terminar até ao fim. Enquanto se estilhaçavam todas as garrafas em pedaços de vidro, trocámos algumas palavras. O essencial para me aperceber da esperteza da sobrevivência. Na sua aparente loucura, rápido na comunicação, rápido na tarefa, falou-me atabalhoadamente de contratos de trabalho, da remuneração à hora e, à sua maneira fez-se à moedinha.  

 By Mz

S. João




Tenho pena de não ter comigo o belo texto que François Mitterrand dedicou ao S. João do Porto, creio (não tenho a certeza) no "La paille et le grain"*. O antigo presidente francês, que visitava Portugal a convite de Mário Soares, terá percebido, nesse mergulho na noturna multidão tripeira, muito do nosso caráter como povo.

Há anos que não vinha a um S. João. E não me arrependi de ter voltado a experimentar esta noite, que é única no mundo. 

Conheço portugueses que vivem obcecados em fazer visitas turísticas a longínquos destinos da moda, como se disso dependesse o seu currículo cosmopolita, e que confessam nunca ter estado num S. João no Porto. Coitados... 

* Afinal, estava errado: como um atento leitor notou, era no "L'abeille et l'architecte"


Por: Francisco Seixas da Costa



terça-feira, 21 de junho de 2011

"Tudo me interessa e nada me prende."

Tudo me interessa e nada me prende.
Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos;

mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei.
Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito.
Sou dois, e ambos têm a distância - irmãos siameses que não estão pegados.

O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa


domingo, 19 de junho de 2011

Apenas isto...

Ventana sobre el miedo


El hombre desayuna miedo.
El miedo al silencio aturde las calles.
El miedo amenaza.
Si usted ama, tendrá sida.
Si fuma, tendrá cancer.
Si respira, tendrá contaminación.
Si bebe, tendrá accidentes.
Si come, tendrá colesterol.
Si habla, tendrá desempleo.
Si camina, tendrá violencia.
Si piensa, tendrá angustia.
Si duda, tendrá locura.
Si siente, tendrá soledad.


Eduardo Galeano



"Lisboa , Providência cautelar – Divulgada a sentença" sobre o canil municipal de Lisboa...

"Junho 16, 2011 por campanhaesterilizacaoanimais

O Grupo de Lisboa tomou hoje conhecimento da sentença proferida no âmbito da providência cautelar que foi favorável aos animais, como podem ler aqui. A sentença ainda não transitou em julgado.

O Grupo de Lisboa vai agora reunir para analisar a sentença e preparar o seguimento da acção. A todos(as) que apoiaram e incentivaram esta luta colectiva um abraço de alegria e de agradecimento

O relato das audiências de 2 e 11 de Maio, em que foram ouvidas as testemunhas do canil, está agora, como prometido, disponível no post de 12 de Maio."


sábado, 18 de junho de 2011

palavras de Saramago...

Ora, a solidão, ainda vai ter de aprender muito para saber o que isso é,
Sempre vivi só,
Também eu, mas a solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós.









José Saramago 
O Ano da Morte de Ricardo Reis

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os "eus" que espelhamos...

Esses eus de que somos feitos, sobrepostos como pratos empilhados nas mãos de um empregado de mesa, têm outros vínculos, outras simpatias, pequenas constituições e direitos próprios - chamem-lhes o que quiserem (e muitas destas coisas nem sequer têm nome) - de modo que um deles só comparece se chover, outro só numa sala de cortinados verdes, outro se Mrs. Jones não estiver presente, outro ainda se se lhe prometer um copo de vinho - e assim por diante; pois cada indivíduo poderá multiplicar, a partir da sua experiência pessoal, os diversos compromissos que os seus diversos eus estabelecerem consigo - e alguns são demasiado absurdos e ridículos para figurarem numa obra impressa.

Virginia Woolf, Orlando


terça-feira, 14 de junho de 2011

...À espera!

Vivemos inquietos, na ânsia de algo, esperamos sempre por qualquer coisa:
Esperamos a entrada para a escola , esperamos os 18 anos de idade, esperamos um emprego que faça de nós “alguém”, esperamos um Amor eterno.




Esperamos um filho, esperamos a viagem que experimentamos em sonhos, esperamos matar saudades de alguém, esperamos que se lembrem de nós, esperamos o reconhecimento dos outros, esperamos ler o livro da nossa vida, esperamos ver o filme que mude o nosso trajecto.


Esperamos que o governo mude, que a pobreza no mundo seja uma miragem, esperamos ter esperança no futuro, esperamos pela tolerância dos homens, esperamos que o planeta não se canse de tanta agressão e cometa o suicídio, esperamos que as consciências despertem, esperamos alcançar paz de espírito.

Foto:(c) Miguel Rita



Esperamos não nos arrepender de tudo aquilo que não fizemos, esperamos saltar de pára-quedas em direcção à liberdade, esperamos que os amigos não partam e que os nossos pais vivam toda a nossa duração, esperamos ter força para ultrapassar os obstáculos, esperamos que as virtudes dos nossos heróis se tornem reais, esperamos não ceder às angústias, esperamos não magoar, esperamos que as folhas caiam a cada Outono, esperamos fazer sentido, esperamos não desperdiçar tempo, esperamos ser maiores para a humanidade.


Esperamos pela idade de ser avós e olhar para trás com a certeza de uma preenchida história de vida...


...Contudo apenas existimos, não vivemos de verdade, porque apenas esperamos...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935)

Porque és maior que o tempo, que o espaço, porque eras do tamanho daquilo que vias e não do tamanho da tua altura...


Quando vier a Primavera, (7-11-1915)


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.


Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.


Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.


Alberto Caeiro

terça-feira, 7 de junho de 2011

Porque amor é amor a nada ...

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Que o tempo volte para trás...

"Do melhor que me lembro da minha infância, foi de nunca ouvir nem sentir a(s) palavra(a) pressa, stress, limite, atraso, urgência, objectivos, bulling, pedófilia, rapto, hiperactividade, obesidade, diabetes, percentil, trauma, bronquiolites, AVC, FMI...

Eu só me lembro que havia tempo para tudo, o mundo podia acabar no ano 2000, toda a gente queria saber o terceiro segredo de Fátima e provavelmente com sorte no Verão íamos para o Algarve..." ...


Que o tempo volte para trás...

As explicações que não são reveladas...

Segundo informação avançada pela jornalista Clara de Sousa, na sua página do facebook: as "Autoridades regionais alemãs revelam que os primeiros testes conduzidos a rebentos vegetais (rebentos de soja e outros) de uma quinta orgânica no Norte da Alemanha, que se suspeitava estarem na origem de um surto da bactéria E.Coli, tiveram resultados negativos."...
Para quem tiver paciência e curiosidade, pode encontrar nestes artigos explicações interessantes e plausíveis ao aparecimento súbito desta bactéria que, a meu ver, são bastante elucidativos e só não vê quem não quer ver...


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lembro-me agora

Lembro-me agora que tenho de marcar um
encontro contigo, num sítio em que ambos
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma
das ocorrências da vida venha
interferir no que temos para nos dizer. Muitas
vezes me lembrei que esse sítio podia
ser, até, um lugar sem nada de especial,


como um canto de café, em frente de um espelho
que poderia servir até de pretexto
para reflectir a alma, a impressão da tarde,
o último estertor do dia antes de nos despedirmos,
quando é preciso encontrar uma fórmula que
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É
que o amor nem sempre é uma palavra de uso,
aquela que permite a passagem à comunicação
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale,
de súbito, o sentido da despedida, e cada um de nós
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio
ser, como se uma troca de almas fosse possível
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e
me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas
vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde,
isto é, a porta tinha-se fechado até outro
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então
as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos
encontrar; que há-de ser um dia azul, de verão, em que
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas,
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros. 


Nuno Júdice

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Para quê uma Nova Lei de Protecção dos Animais?

Os casos de crueldade, negligência e abandono multiplicam-se a cada dia que passa. As autoridades “competentes” para agirem nesses casos, ou não sabem que são autoridades (não conhecem a legislação), ou então não se esforçam minimamente para fazê-la cumprir. Há ainda os casos em que mesmo querendo agir, esses agentes da autoridade não têm meios para fazê-lo;

     Os Centros de Recolha Oficial, vulgos canis municipais, são, regra geral, uma miséria. As condições em que os animais são mantidos são cruelmente vergonhosas, e também, regra geral, não é feito qualquer esforço para mudar o estado de coisas. Os funcionários municipais recrutados para trabalhar nos canis, geralmente não têm qualquer formação na área, e pior, vão fazer serviços para o canil como forma de “castigo”. Sim, vão gerir “resíduos sólidos urbanos”. As Câmaras Municipais promovem a crueldade, impedindo os cidadãos de alimentarem os animais famintos, pedindo-lhes, assim, que ignorem o que vêem. Promovem a falta de compaixão, e nada fazem para resolver realmente e de forma eficaz o problema dos animais errantes. É assim que, oficialmente, tratamos os animais que são responsabilidade do Estado;

     Os circos com animais continuam a instalar-se um pouco por todo o país, os médicos veterinários municipais continuam a ter medo dos circenses, e continuam, mesmo com nítidas ilegalidades no que diz respeito ao bem-estar dos animais, a contribuir para o licenciamento dos ditos. A última legislação, autoria do Governo, não está a ser minimamente cumprida, a situação é do conhecimento geral, mas as autoridades locais, regionais, e nacionais nada fazem. Como dizem as funcionárias da DGV (Direcção Geral de Veterinária, autoridade máxima nacional na área) “eles depois vêm para aqui reclamar e cheiram mal”;
   
   Os rodeios estão, a pouco e pouco, a instalar-se em Portugal, de certa forma manobra da indústria tauromáquica, e a DGV está, desde 2005, para emitir opinião perante um parecer que a ANIMAL lhe entregou a respeito dessa actividade, alegando que aguarda um parecer de um especialista brasileiro (…);

     Depois de, em 2008, a ANIMAL ter participado com a sua proposta para a alteração do Estatuto Jurídico dos animais no Código Civil num grupo de trabalho liderado por uma Direcção-Geral do Ministério da Justiça, e de essa proposta ter recebido boas críticas por parte desse organismo, hoje, em 2011, os animais continuam a ser tão considerados no Código Civil quanto o é uma cadeira;


Estes pontos poderiam continuar infinitamente, como todos sabemos. O símbolo máximo da forma como tratamos os animais em Portugal é a tauromaquia. O Campo Pequeno é um local de tortura, primitivismo e barbaridade localizado no coração da capital do país. Aquele local simboliza a forma como tratamos os animais em Portugal. Nem precisamos de ir mais longe, basta que observemos como se entretém o povo deste país. Como podemos esperar que se protejam os cães, os gatos, e todos os outros animais, se massacramos bois numa arena, cobramos bilhetes, emitimos o espectáculo nas televisões nacionais, e temos as celebridades, os fazedores de opinião, a regozijarem-se com ele?


Por todas estas razões e por tantas outras, é fundamental que nos indignemos, que ajamos, que saiamos para as ruas. O trabalho de mudança faz-se nos escritórios, sim, mas também se faz nas ruas.  Por favor considere juntar-se à ANIMAL no dia 25 de Junho, e vir dizer à Direcção-Geral de Veterinária que já chega. Já chega de serem permissivos com tudo o que de mal se passa com os animais deste país.


Acredita na importância de uma Nova Lei de Protecção dos Animais em Portugal? Então junte-se a esta campanha! Saiba como aqui:  http://www.animal.org.pt/animal_campanha17set.html "


Fonte: Associação Animal