quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"Sejamos humanos, deixemos os animais em paz!"

O prazer de enfrentar um animal, qualquer que ele seja e a adrenalina que isso provoca, de o fatigar, de o enganar, de o perseguir e de lhe tirar a vida está gravado na parte mais antiga do nosso cérebro, aquela que herdámos dos nossos antepassados répteis. Também aí se encontram os instintos mais primários, a agressividade, a territorialidade, a xenofobia, a necessidade de pertencer a um grupo, os ritos, etc.

Esta informação foi-nos útil, nos tempos em que éramos caçadores recolectores, nos tempos em que tínhamos de caçar para comer, nos tempos em que tínhamos de lutar para sobreviver.

Do ponto de vista da psicologia e da sociologia, as touradas, a caça e outras actividades semelhantes são figurações das caçadas dos nossos antepassados. Do mesmo modo, os jogos de equipa são figurações das batalhas que tivemos que travar para defender o nosso território. Ainda assim, não perdemos uma oportunidade de travar uma ou outra guerrita, com mais ou menos efeitos colaterais (leia-se número de mortos…), afinal, temos de descarregar a testosterona de qualquer forma, não é verdade?

O problema é que já não somos caçadores recolectores, evoluímos, tanto fisicamente como socialmente.

Fisicamente, o nosso cérebro evoluiu significativamente, aumentou de volume com o surgimento do córtex cerebral. É aqui que a matéria se transforma em consciência, o reino da intuição, da consciência e da análise critica. É aqui que surgem as ideias e as inspirações, que lemos e escrevemos, é aqui que reside o gosto pelas artes e a cultura. É o que distingue a nossa espécie, o cerne da humanidade.

Socialmente, evoluímos para outras formas de sociedade, sedentarizámo-nos, tornámo-nos agricultores, domesticámos animais, tornámo-nos artífices, e por aí fora, passando pela revolução industrial até aos nossos dias.

Mas, pelos vistos, evoluímos pouco. Ainda não apagámos dos recônditos mais profundos do nosso cérebro a informação que já não nos faz falta e que é, em certa medida, desnecessária e contraproducente, ainda não fomos capazes de dar o salto qualitativo que temos que dar em termos de respeito para com o meio ambiente e para com todos os seres vivos.

Ceder aos instintos mais primários, deixar que o ser primitivo se sobreponha ao ser humano que há em nós é sinal de pouca inteligência. Como seres inteligentes (pelo menos, é suposto…) deveríamos ser capazes de sobrepor a inteligência ao instinto, de fazer com que o lado racional prevaleça sobre o lado irracional.

Sejamos humanos, deixemos os animais em paz!

Por Carlos Galvão

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

movies and words...


..." As mulheres do Norte deveriam mandar neste país."...

"As raparigas do norte têm belezas perigosas, olhos impossíveis. Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm ar de que sabem o que estão a fazer."

Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Por esta altura já todos saberão quem é o Zico...


Aparte cores partidárias, este foi o texto mais lúcido que li, sobre a tragédia que envolveu duas vitimas, a criança que morreu e o cão que tem em si a sentença de morte...

"Hesitei muito em assinar ou não a petição contra a execução do cão que recentemente matou uma criança. O desconhecimento das circunstâncias concretas aconselhou-me algum cuidado, para não ficar prisioneiro de debates falsos, nem de querelas religiosas. Mas um argumento que ouvi na TV decidiu-me a assinar a petição e assim fiz.

Para ser claro, não entro em polémicas religiosas sobre a transcendência da decisão sobre a vida e da morte dos animais, porque sei e aceito que matemos insectos e outros animais para nos defendermos (nem vou voltar a discutir se podemos matar os mosquitos que nos picam ou outros) ou porque, bem ou mal, grande parte da espécie humana se alimenta de peixe ou de outros animais. Mas nunca aceitei a razão dos que acham que a morte deve ser encenada para gáudio de um espetáculo, e acho significativo que os defensores das touradas de morte se agitem para serem protagonistas desta controvérsia. São pontos de vista religiosos e vou deixá-los em paz, porque não me interessam.

O que me interessa é qual é a melhor forma de lidar com a responsabilidade da morte da criança.

Há um evidente problema de justiça porque houve uma morte horrorosa, que é um crime. Segundo a lei, a responsabilidade perante a justiça é dos donos do cão. A lei está certa. Que nada disfarce ou esconda essa responsabilidade: quem cria um cão, quem o educa e quem o mantém é responsável pelas suas ações. O cão não é um sujeito jurídico, os donos são. Os culpados são esses e devem responder por isso. Não há nada que possa ser feito ao instrumento ocasional do crime, que foi o cão, que mude ou diminua essa responsabilidade de justiça.

Há depois um problema de segurança. Que pode ser resolvido de muitas maneiras: em Sete Rios, em Lisboa, há um jardim com cobras, jacarés, hipopótamos, leões e outros animais que são perigosos ou podem ser perigosos. O problema de segurança é resolvido separando-os das crianças que os visitam.

Há um problema de segurança com os lobos em matas em todo o país. E é proibido matá-los.

Há um problema de segurança com o famoso lince da serra da Malcata. E, se alguém o encontrar, está proibido de o matar.

O problema de segurança não se resolve matando, a não ser quando estamos a ser atacados e não há outra alternativa. Não parece ser o caso. É por isso que, no meio de todo o debate apaixonado sobre a questão da execução do cão, aconselho simplesmente a que voltemos ao essencial: à proibição da manipulação genética destinada a criar animais para a violência; à responsabilidade permanente dos donos quanto à educação dos animais domésticos e aos seu comportamento; e à criação das melhores condições de segurança para as crianças em casa ou na rua. O essencial é o essencial e a execução do cão é um espetáculo para fugir do essencial, um alibi para os culpados e uma forma de a sociedade passar à próxima notícia do telejornal. Eu assino contra essa mistificação e fuga à responsabilidade."

Francisco Louçã

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Podemos ter de pagar pelo lixo que produzimos? Conheça o sistema pay-as-you-throw."


O Parlamento discute hoje uma possível alteração ao pagamento de taxas de resíduos, avaliando se, tal como acontece em outros países, se pode aplicar em Portugal a máxima do poluidor/pagador.
A medida tem três objectivos – combater o desperdício, pôr Portugal a poupar com a factura dos resíduos, estimulando a reciclagem, trazer justiça às contas a pagar pelos portugueses.
Mas como funciona este sistema, conhecido como PAYT (pay-as-you-throw, qualquer coisa como “pague à medida que atira fora”)?
O sistema poderá substituir a taxa do lixo calculada em função do consumo de água, paga igualmente todos os cidadãos, independentemente de separarem ou não os materiais para reciclar.
Este processo já existe em diversas cidades europeias. “Tem apresentando bons resultados, embora para a sua implementação seja necessária a instalação de um sistema de recolha selectiva eficiente, complementado por uma forte campanha de sensibilização da população”, explica a Quercus, que já se manifestou favorável à alteração.
“A Quercus apoia a proposta apresentada pelos partidos da maioria sugerindo ao Governo que tome medidas no sentido de que a taxa do lixo deixe de ser paga em função do consumo da água, passando a ser cobrada em função da quantidade de resíduos produzidos, uma vez que vai permitir induzir hábitos de reciclagem nos Portugueses”, revela a ONGA em comunicado.
Com este sistema, o cálculo da tarifa poderá ser feito em função do peso ou do volume dos resíduos, existindo diversos processos de recolha – sacos, contentores ou outros.
“A maior separação dos materiais recicláveis induzida por este processo tornará mais barata a gestão dos resíduos pelas câmaras municipais que optarem por este sistema, pois o envio de materiais para reciclar gera receitas, enquanto o envio para aterro ou incineração tem custos”, continua a Quercus.
Em Portugal ainda não foi instalado um sistema deste género, sendo que a primeira experiência desta prática deverá arrancar na Maia.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

S.O.S Planet...


Consulta pública da União Europeia aos seus cidadãos...


Se acharem por bem, PREENCHAM E DIVULGUEM ... Demasiado importante para se ignorar...

Trata-se de uma consulta pública da União Europeia aos seus cidadãos sobre o que eles acham de se adoptarem novas técnicas de prospecção de combustíveis, nomeadamente o gás de xisto. O problema é que uma dessas técnicas é o temido "fracking", que consiste na injecção de líquidos no subsolo para partir as rochas e libertar os gases combustíveis nelas contidas. Este "fracking" pode causar sismos e contaminações do ar e dos lençóis de água subterrâneos...

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Este governo, que pouco liga à vontade do povo...um dia vai ter que olhar, para esta questão, que se impõe!...


 O meu movimento” é uma plataforma virtual, criada no portal do governo da república. Nas palavras dos mesmos, a iniciativa pretende “dar uma oportunidade a todos de participar no debate sobre o futuro do nosso país. De uma forma lúdica e simples, qualquer cidadão português pode defender as causas em que acredita, fazendo-se ouvir por todos – e especialmente pelo seu Governo.” No entanto, para além de uma conversa pessoal com Passos Coelho, nada sabemos sobre o que pretende o governo fazer com as causas vencedoras.

No dia 30 de dezembro terminou a votação na segunda edição do concurso. A segunda, porque a primeira terminou no início de 2012, e pouco ou nada diferiu da segunda. Nas duas edições foram criados centenas de movimentos mas o tema transversal aos que sempre lideraram as tabelas de mais votados foi claro como água, e só deixou dúvidas a quem as quis ter.
Alteração do estatuto jurídico dos animais, fim do uso de animais em circos, interdição de menores em espetáculos tauromáquicos, fim dos canis e gatis de abate ou nova lei de proteção animal foram causas que se mantiveram nos primeiros lugares.

Está à vista, para quem quiser ver, que na sociedade portuguesa há uma preocupação crescente e ativa com questões relacionadas com a proteção animal. Mas a população apostou em força noutra causa, tanto na primeira como na segunda edição, a causa anti-tauromáquica.

Na primeira edição o Movimento do Sérgio manteve-se imperturbável, do início ao fim, no primeiro lugar do concurso, era o movimento pelo “Fim das Corridas de Touros”. Agora, na segunda edição, os portugueses continuaram a manifestar o seu profundo desagrado com a prática de espetáculos tauromáquicos em Portugal, acrescido ao facto de agora perceberem que estes são feitos à custa dos seus impostos. Assim, saiu vencedor o Movimento do Rui Manuel, pelo “Fim dos Dinheiros Públicos para as Touradas”.

Ao longo de 2012 assistimos a uma expressão popular clara de repúdio ao uso dos dinheiros públicos para a tauromaquia. Foram criados movimentos, feitas campanhas, entregues petições, em território continental e nas nossas ilhas dos Açores. Felizmente, o arquipélago da Madeira não padece deste mal. Assistimos também, pelas mãos do PEV e do BE, o assunto a ser levado à Assembleia da Republica, prova de que a voz das pessoas se faz ouvir, ainda que só por alguns.

Mas não pode ser só por alguns, não pode, porque o governo de Passos Coelho criou um espaço para que as pessoas pudessem defender as suas causas ao criar uma iniciativa que dá oportunidade aos cidadãos de exporem as razões pelas quais defendem causas, na primeira pessoa, ao primeiro-ministro de Portugal.

Com toda a legitimidade, exige-se agora que o governo de Passos Coelho aja com alguma coerência e dê respostas às situações que ele próprio criou. O governo de Passos Coelho disse querer ouvir os cidadãos e os cidadãos falaram, falaram e foram claros. Agora, resta-lhe cumprir a sua parte sem demoras, sem rodeios e sem touradas.

Francisca Ávila

Publicado em Faial Online