quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A todos os cães... principalmente aos que vivem no abandono...

Puka
Quando morre um cão, há uma tristeza específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só de imaginar. Deriva da pena de não termos sido capazes de estar à altura da pureza, da generosidade absoluta


Está deitada ao meu lado, a ressonar. Acredito que o som dos meus dedos no teclado do computador também a tranquiliza: o ritmo certo/incerto destas palavras: letras-letras-letras espaço letras-letras-letras espaço. Se assim for, se a minha escrita contribuir para a paz do seu sono, está apenas a devolver-lhe aquilo que também recebe deste corpo encostado a mim, a respirar profundamente, como se essa fosse a sua resposta ao tempo.
Quando lhe pouso a mão em cima, deixa-me fazer tudo. Não se incomoda. Essa é a forma que tem de mostrar a sua confiança ilimitada. Não acorda, como se escolhesse não acordar. Oferece o corpo às minhas festas e, se a aperto com um pouco de mais força, deixa escapar um som de prazer preguiçoso, arrastado, nasce-lhe na garganta.
Noutras horas, quando sente um barulho mínimo nas escadas, começa por rosnar e, se o barulho continua, quer ladrar contra a porta fechada. É preciso chamá-la e convencê-la a pensar noutro assunto. Agora, esses episódios parecem histórias inventadas. Neste momento, abrir os olhos e voltar a fechá-los logo a seguir é o máximo de incómodo que aceita. Está tão calma, tem tanto vagar. Às vezes, debaixo das minhas festas, espreguiça-se longamente. Depois, perde a força nos músculos e afunda-se ainda mais no sono.
Eu já estava aqui sentado, a escrever, quando ela chegou muito direita. Caminhou na minha direção sem hesitar, com as patinhas a riscarem um som leve. Numa agilidade súbita, deu um pequeno salto e ficou ao meu lado. Então, encostou-se à minha perna, formámos uma pequena união de calor, e adormeceu.
Foi também assim que chegou à minha vida. Eu não esperava nada, não procurava nada, ela chegou e, sem forçar, conquistou-me inteiro com a sua presença. Quando lhe faço festas na cabeça, os seus olhos descobrem-se entre o pêlo. Há uma certa tristeza nesse olhar antigo, como se carregasse restos de uma mágoa. Compreendo-a e, às vezes, chego a acreditar que também ela me compreende a mim, também ela é capaz de distinguir essa mesma idade no meu olhar, esse silêncio. Encontrámo-nos aqui, mas viemos de lugares distantes.
Durante o dia, passeia sossegada pela casa. Só ela sabe onde vai. Com frequência, escolhe um quadrado de sol no chão e deixa cair as orelhas. Nessas ocasiões, está preparada para qualquer surpresa.
De todas as palavras que existem no mundo, há duas que a enchem de eletricidade: "rua" e "bola". Rejuvenesce com cada uma delas, enlouquece. Na rua, muito interessada, como se estivesse a tomar conhecimento das últimas notícias, vai sempre cheirar os mesmo cantos. Fingindo não fazer caso, partilhamos o pudor do momento em que baixa as duas patinhas de trás e, depois, se afasta de uma pequena poça de chichi. Com a bola, dá saltos no ar, apoia-se em duas patas, chega a ficar assim alguns segundos, como no circo, e parece cega quando corre para apanhá-la. Vai buscá-la onde for preciso.
Quando eu andava na escola primária, numa visita de estudo ao Jardim Zoológico de Lisboa, admirei-me com o cemitério dos animais de estimação. Estava habituado a cães que mal tinham nome, que eram levados numa saca e enterrados no campo. Durante anos, habituávamo-nos a ver um cão quando passávamos numa certa rua, depois, um dia, deixávamos de vê-lo. Era assim.
Hoje, com esta cadelinha, sinto-me como aquele velho mal-humorado, a queixar-se de tudo, a culpar sempre os outros, mas que se derrete com os netos, lhes permite tudo, e quase parece outra pessoa. Talvez por isso, sou agora capaz de compreender que, quando morre um cão, há uma tristeza específica. É fina e espeta-se no pensamento. Aleija só de imaginar. Deriva da pena de não termos sido capazes de estar à altura da pureza, da generosidade absoluta.
Aqui, o tempo desta sala continua à mesma cadência, letras-letras-letras espaço letras-letras-letras espaço. Às vezes, ela estremece de repente. O arco da respiração perturba-se. Está talvez a sonhar. Aperto-a de encontro a mim. Nada te pode fazer mal, pequenina. Eu protejo-te com a mesma dedicação com que me proteges. Esta companhia que partilhamos é eterna.

José Luís Peixoto

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lembras-te? foi por fim num dia de Verão...era Setembro...

Carta (Esboço)

Lembro-me agora que tenho de marcar um 

encontro contigo, num sítio em que ambos 
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma 
das ocorrências da vida venha 
interferir no que temos para nos dizer. Muitas 
vezes me lembrei de que esse sítio podia 
ser, até, um lugar sem nada de especial, 
como um canto de café, em frente de um espelho 
que poderia servir de pretexto 
para reflectir a alma, a impressão da tarde, 
o último estertor do dia antes de nos despedirmos, 
quando é preciso encontrar uma fórmula que 
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É 
que o amor nem sempre é uma palavra de uso, 
aquela que permite a passagem à comunicação
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale, 
de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós 
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio 
ser, como se uma troca de almas fosse possível 
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e 
me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas 
vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde, 
isto é, a porta tinha-se fechado até outro 
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então 
as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem 
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar 
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos 
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que 
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por 
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia 
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores 
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos 
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que 
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí 
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas, 
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo 
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.
Nuno Júdice, in “Poesia Reunida” 
 

























segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

...porque é uma delicia ouvir o que tem para dizer...

(...) temos muito a aprender com os animais.. um animal é de facto aquele que te ama incondicionalmente, ele só quer saber se tu chegas, não quer saber se lhe ralhaste de manhã, se vens chateado, ama-te incondicionalmente. (...) estão ali para nós, um conforto um companheirismo... (...) a defesa dos direitos dos animais, é uma coisa que germina em mim desde miúdo, porque eu apesar de ter medo de cães ( tinha em miúdo) nunca lhes desejava mal, e acho sobretudo é mais uma das zonas da vida que nos define enquanto pessoas.
(...) Como é possível tu pegares num animal estás a olha-lo nos olhos, sabendo que vais pegar nele e abandona-lo na estrada?
Pessoas que são capazes de fazer mal aos animais, para mim definem-se em muita coisa na vida. "

Rodrigo Guedes de Carvalho (Jornalista)

Entrevista: 
http://www.videosbacanas.com/rodrigo-guedes-de-carvalho-no-alta-definicao-sic-programa-do-dia-09-02-2013/

...

Estou deitado e o tempo passa sobre mim em crescentes lençóis
e durmo e nem ambiciono a posição da árvore
Aceito tudo e sou mais branco cada vez
que o sol se põe sobre a cansada imensidão do rosto
exposto ao ondular do trigo e à velha nova água 
Sou pedra ou esquecimento? Que serei?
Alguém responderá. Mas quem? Ou quando?
Estou assim entretanto. O meu modo de ser
é todo este não ser de perguntar e responder 
Sou uma enorme dúvida estendida da cabeça aos pés
Nem sei já se nasci - ou quando - ou se morri 
Não sou todo este ser que finalmente de si mesmo se cansou 
E abro muitas bocas. Quem à minha volta? 
Nunca estive mais perto de ninguém.

Ruy Belo
Foto:(c) Anka Zhuravleva

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"UE vai proibir testes em animais a partir de Março deste ano."


Vai ser proibida a venda de todos os produtos e ingredientes cosméticos, dos sabonetes às pastas de dentes, que tenham sido testados em animais


A luta dos activistas pelos direitos dos animais pode estar perto de uma nova vitória. Segundo Tonio Borg, Comissário Europeu da Saúde e Defesa do Consumidor, que deu a conhecer a informação, a importação e venda de cosméticos testados em animais vai mesmo ser proibida na União Europeia (UE), a partir de 11 de Março deste ano.

"Acredito que a proibição deverá entrar em vigor em Março de 2013, pois o Parlamento e o Conselho já decidiram", lê-se na carta que Borg endereçou aos activistas, divulgada pela Newswire.

O comissário acrescenta ainda que a proibição não deve ser "adiada ou revogada", já que esta decisão já vinha a ser planeada e consequentemente adiada desde 2009. Esta medida vai impedir a venda de todos os produtos e ingredientes cosméticos na União Europeia, dos sabonetes às pastas de dentes, que tenham sido testados em animais - seja qual for a parte do mundo em que tal tenha acontecido.

Contagem decrescente
A novidade está a deixar várias entidades satisfeitas, principalmente a cadeia The Body Shop e a organização Cruelty Free International que há mais de 20 anos levam a cabo uma campanha pelo fim dos testes em animais.

Paul McGreevy, director de valores internacionais da The Body Shop, realçou a "grande conquista" que considera como o esperado "encerramento de um capítulo", já que, afirma, "o futuro da beleza deve ser sem crueldade".

Michelle Thew, diretora executiva da Cruelty Free International, garante que esta decisão é só o começo e diz continuar a lutar "para garantir que o resto do mundo seguirá o mesmo caminho", disse.

Os defensores dos animais já estão em contagem decrescente para a data marcada e já têm algumas iniciativas comemorativas programadas. Mais mais importante ainda, esperam conseguir assim "inspirar" outros países a banir os testes em animais, como é o caso da China.

Lido em "P3"

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Salvem o gato" ...

(Para melhor leitura, clicar na imagem...)


 Maria José Morgado | Expresso a 26 de janeiro de 2013

"Um dia a maioria de nós irá separar-se (...)"

Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, 
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, 
dos tantos risos e momentos que partilhamos. 


Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das 
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do 
companheirismo vivido. 

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. 
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. 


Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida. 
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que 
trocaremos. 

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... 
Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar
cada vez mais raro. 
Vamo-nos perder no tempo.... 

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?" 

Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! 
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons 
anos da minha vida!" 

A saudade vai apertar bem dentro do peito. 
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... 

Quando o nosso grupo estiver incompleto... 
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. 

E, entre lágrima abraçar-nos-emos. 

Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes 
daquele dia em diante. 

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a 
viver a sua vida, isolada do passado. 

E perder-nos-emos no tempo..... 

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes 
que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a 
causa de grandes tempestades.... 

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem 
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos
os meus 
amigos!" 

Fernando Pessoa

"Activistas criam “outdoors” contra a exploração animal e querem levá-los a todo o país."

Lutam por quem não tem voz e sonham com o dia em que os animais nao sejam vistos como um objecto. É preciso uma nova lei e mudança de hábitos

Pesquisem sobre o assunto e percam alguns minutos a pensar nele. O pedido é feito por oito activistas ligadas à causa animal (e não só) e esconde uma forte convicção: “Quero acreditar que as pessoas o fazem inadvertidamente, se houvesse reflexão seria diferente”, declara Bebiana Cunha. Aqui fala-se da exploração animal que alguns fazem e com a qual muitos outros compactuam – fala-se de ética, de uma lei desadequada que continua a ver os animais como “coisas” e não como seres vivos. Mas já lá vamos.

Tudo começou numa troca de emails feita entre oito pessoas (na foto falta uma) que se conheciam de “outras lutas” em nome dos animais. Unia-as a vontade de fazer algo que ajudasse a consciencializar a sociedade para o tema da exploração animal. Estávamos em Maio de 2012.

Quando a ideia dos cartazes surgiu (mérito para Bebiana Cunha) perceberam que podia ser aquele o projecto. Sara Branco assumiu a câmara fotográfica, Daniela Graça ficou responsável pelo design, todas (à excepção de Sara, que ficou do lado invisível) deram a cara pela causa – Bárbara Branco, Diana Loureiro, Inês Zilhão, Joana Dumas e Sandra Pereira completam o grupo.

Para já, a campanha está ainda na gaveta. Mas pronta a usar: “Apelamos a que haja alguém que queira aproveitar a nossa boa vontade e a nossa imagem, pegar na campanha para chegar a mais gente”, diz Bebiana. São sete os cartazes que as activistas sonham ver espalhados em “outdoors” pelo país e que, esperam, possam ajudar à “tomada de consciência” e a uma “alteração do paradigma em relação à ética animal”. No Facebook criaram a página "Qual é o teu cartaz?", que quer juntar mais gente, mais causas e mais informação - e convida todos os que tenham uma ideia a partilhá-la em formato de cartaz. 

Campanha sem radicalismos
Esqueçam radicalismos, apesar de essa ser uma acusação que lhes é feita muitas vezes: “Dizem muitas vezes que só defendemos os animais e não queremos saber das pessoas. Não é real, não queremos saber só dos animais, somos pessoas preocupadas com todos os que não têm poder, que estão desempregados, que não têm voz... e os animais são um deles.”

O objectivo último desta acção é operar uma “mudança de legislação” que permita que “os animais deixem de ser vistos como objectos, como coisas, e passem a ter o direitos enquanto seres vivos que são” (há uma petição online pela mesma causa, uma nova lei de Protecção dos Animais em Portugal, que já conta com mais de 60 mil assinaturas).

Quem perder alguns minutos a pensar nas linhas seguintes vai alterar alguns hábitos – palavra (ou esperança) destas activistas. Faz sentido a criação de animais em “verdadeiros campos de concentração” (“não há outro nome para a forma como os animais são colocados em espaços de um metro quadrado, para a forma como são explorados, a maior parte das vezes sem luz e sem acesso a espaços exteriores”, defende Bebiana Cunha)? Faz sentido as vacas estarem “constantemente prenhes para poderem produzir leite para os humanos consumirem”?

Faz sentido “devastar a Amazónia” em busca de óleo de palma para produção de soja, que “serve maioritariamente para alimentar o gado”? Acreditam que “a produção de gado em termos de emissão de CO2 e de poluição dos lençóis freáticos é o maior poluente que nós temos”? Sabiam que alguns elefantes são “treinados sob metal a escaldar” com sons (condicionamento clássico de Pavlov) para aprenderem a levantar a pata no circo e dessa forma entreterem o ser humano? Que “um elefante em 'habitat' natural dura até aos 70 anos e no circo até aos 14/ 15 anos”?

Por quê comprar um animal se há “milhares abandonados e à procura de um dono”? Em nome de quê se usam peles “manchadas de sangue e de sofrimento”? Por que razão “fazemos do sofrimento do touro um espectáculo”? Se existem métodos alternativos e a fiabilidade dos testes em animais “nem é assim tão grande”, “porque torturamos animais”?

As perguntas lançadas querem ajudar a construir uma sociedade mais equilibrada e menos centrada no ser humano (“acho que continuamos a ter o complexo de Deus”, lamenta Daniela Graça), também em nome da “sustentabilidade e de gestão do planeta”. "Até porque, se pensarmos um bocadinho, percebemos que tudo isto só acontece para alimentar indústrias poderosas", acrescenta Bebiana Cunha. 

Não defendem que temos todos de ser vegans (como Bebiana é), mas acreditam que pequenas acções podem fazer a diferença. Como a de Sara Branco, que passou a comer carne menos vezes e só compra carne biológica, ou como a “Segunda-feira sem carnes”, relembra a irmã, Bárbara Branco, a que vários países já aderiram e que “poupa muitas vidas”. “Acreditamos que podemos construir uma rede, eu influenciei a minha irmã, ele pode influenciar mais gente e por aí adiante”, diz Bárbara.

Para que a mudança seja efectivada, é preciso mais "aposta na educação, de preferência logo nas escolas", defende Bebiana Cunha: “Falta ética animal, pensamos sempre na lógica humana, mas temos de perceber de uma vez por todas que tudo está ligado.”

A verdade, garantem, é que há alternativas que não implicam sofrimento de seres vivos. Roupa sintética em vez de peles, circos sim, mas sem animais, adoptar animais em vez de comprar, não usar animais para fazer testes, preferir carne biológica e reduzir (ou eliminar) o consumo. Touradas e lutas de cães nunca. Bebiana atira a pergunta final: “Qual é o sentido, quando estamos a falar de seres vivos que têm sentimentos, que pensam, que planeiam, que executam, que sofrem, que manifestam por nós afecto... qual é o sentido de chamarmos a um animal uma coisa e tratá-lo como tal?”

Lido em "P3"