quarta-feira, 29 de abril de 2009

Portugal vai ter o maior laboratório de cobaias

Estamos sempre a liderar no que ao que pior se faz pelo mundo, que vergonha sinto eu do meu país!...

"Equipamento, com capacidade para criar 25 mil animais de laboratório, conta já com oposição
2009-04-20

FÁTIMA MARIANO

Na Azambuja vai ser construído um dos maiores biotérios da Europa, com capacidade para criar 25 mil animais para serem usados em experiências científicas. Só estará pronto em 2011, mas os protestos já começaram.

A ideia partiu da Fundação Champalimaud, mas logo colheu o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Universidade de Lisboa, que se tornaram parceiros. O biotério vai ser construído na zona industrial da Azambuja, num terreno com três hectares de área cedido pela Câmara Municipal, e deverá estar pronto em 2011, embora, de acordo com fonte da Fundação Champalimaud, o projecto ainda não esteja concluído.

O equipamento terá capacidade para cerca de 25 mil gaiolas, nas quais serão criadas ratos, coelhos, insectos e peixes-zebra, a utilizar em experiências científicas de laboratórios portugueses e estrangeiros. E é aqui que reside o principal ponto de contestação.

João Pedro Santos, porta-voz da Plataforma de Objecção ao Biotério, refere que "numa altura em que a União Europeia legisla no sentido de tendencialmente diminuir os contributos para a experimentação animal, estar a construir um biotério em Portugal é um claro retrocesso científico".

Este movimento tem marcado para quarta-feira, em Lisboa, debates sobre a experimentação animal e para sexta-feira, Dia Mundial do Animal de Laboratório, uma marcha de protesto entre a rotunda do Saldanha e a Fundação Calouste Gulbenkian. Está ainda a promover uma petição on-line que será posteriormente entregue ao Governo.

A Plataforma - que reúne cientistas das mais diversas áreas, médicos veterinários e psicólogos - invoca vários estudos mundiais que contrariam a experimentação animal para validação científica. "Só 8% dos animais utilizados em em experiências acabam por ser validados para estudos em medicina e farmácia. Os restantes 92% são mortos de uma forma atroz".

Os membros deste movimento defendem a utilização de métodos alternativos de validação científica, como as células in vitro ou softwares simuladores. Mas a mesma fonte ligada aos promotores explica que "em muitas situações, ainda não é possível a utilização desses métodos alternativos" e que os animais a criar no biotério serão utilizados "apenas para experiências científicas que visem a melhoria da qualidade de vida das pessoas".

Um dos locais de destino dos animais será o Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, liderado por Rui Costa, neurocientista português há vários anos a trabalhar na área da neurobiologia da acção nos EUA. Neste centro de investigação serão criados novos modelos de doenças, nomeadamente, cerebrais e neurológicas.

Os promotores não excluem a possibilidade de venderem animais para fora. "Se houver interesse, não faz sentido que não forneçamos os animais". Este é também um ponto que merece a crítica da Plataforma. "Na Europa já há legislação e alguma sensibilidade para a questão do bem-estar animal, mas noutros países, nomeadamente em África, não existe", frisa João Pedro Santos. "Além de que os dinheiros públicos estão a ser utilizados num projecto privado que tem fins comerciais".

A construção do biotério está estimada em cerca de 36 milhões de euros, mas apenas 9 milhões serão privados. Os restantes 27 resultam de fundos comunitários que o Governo canalizou para as regiões do Oeste e Lezíria como compensação pela deslocalização do novo aeroporto de Lisboa."

Fonte:JN

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Regulamento de Animais do Município de Sintra

...Mais um passo em frente e algo me dizia que Sintra, ia ser pioneira, no que aos direitos dos animais diz respeito, um bem haja, a quem fez aprovar este regulamento e à Drª Alexandra, responsável veterinária pelo canil municipal de Sintra, que tem em mãos um trabalho árduo, mas que não desiste e luta sempre com coragem contra a maré, para mim, isso sim é exercer uma profissão por vocação, tem portanto a minha admiração!


"A
Assembleia Municipal de Sintra aprovou no passado dia 23 de Abril o Regulamento de Animais do Município de Sintra, através do qual a autarquia se compromete com a promoção do bem-estar animal no Concelho.


Entre as medidas aprovadas está uma proposta do Bloco de Esquerda onde se defende que o apoio institucional ou a cedência de recursos por parte da autarquia para a realização de espectáculos com animais (incluindo touradas e circos com animais) fica condicionado pela não existência de actos que inflijam qualquer sofrimento físico ou psíquico, lesionem ou provoquem a morte de animais.

Uma vez que não existem infra-estruturas fixas que permitam a realização destes espectáculos em Sintra, isto significa que não será mais dada a autorização a nenhum tipo de eventos deste tipo. Esta proposta foi aprovada pela maioria dos deputados presentes (BE, PS e Coligação Mais Sintra), contando com a oposição da CDU e de alguns eleitos do PS e Coligação Mais Sintra.

Este importante regulamento incluí ainda, desde a sua versão original, importantes artigos que atribuem protecção especial a grandes símios, que obrigam à identificação por microchip dos gatos (que ainda é apenas obrigatória cães nascidos depois de 2007), ou que promovem a criação de parcerias entre o Canil/Gatil Municipal e outras entidades.

A Acção Animal e a LPDA, a pedido da Câmara Municipal de Sintra, enviaram as suas contribuições para este Regulamento, incluindo as propostas da Acção Animal para proibir as touradas e dificultar a realização de circos que usassem animais dentro deste município, o que contribuiu para este desfecho favorável aos animais.

A Acção Animal congratula-se com a aprovação tanto deste regulamento proposto pelo executivo da Câmara como das alterações propostas pelo Bloco de Esquerda, por estabelecerem com clareza uma recusa no apoio a espectáculos baseados no sofrimento físico e psicológico dos animais e por colocar Sintra como um dos municípios portugueses mais avançados relativamente à protecção e respeito pelos animais não humanos."



Acção Animal
geral@accaoanimal.com
www.accaoanimal.com
Pelo direito à vida Animal
In Defence of Animal Rights

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Políticas de Igualdade

Foto: (c) Hugo Tinoco


"Todos os animais sencientes (incluindo os da espécie humana) têm grandes diferenças entre si, mas partilham uma igualdade naquilo que lhes é mais fundamental - o interesse em viver sem sofrimento.

Contributo de Hugo Evangelista (biólogo) e Ricardo Coelho (economista)

Como a nossa interacção com as restantes espécies de animais sencientes não se limita apenas ao cão abandonado na rua ou ao gato que temos em casa mas muito mais, urge darmos respostas que incluam e se aproximem desta necessidade de respeitar todos os seres sencientes que partilham connosco o planeta.

Esta deve ser uma resposta que não pode ser nem 1) antropocêntrica, ou seja, não pode optar por ter em consideração os interesses dos animais de forma parcial e especista, nem 2) fetichista pelo sofrimento dos animais, ou seja, não pode reduzir-se a manifestar-se contra a exploração dos outros animais sensientes, enquanto descura a exploração dos seus semelhantes, levando ao ridículo de um cenário de “capitalismo vegano”. Devemos dar uma resposta que demonstre respeito por todos os animais sencientes e que não permita a subjugação dos seus interesses aos interesses económicos. Faz sentido, por isso, que Mahatma Ghandi tenha dito um dia que “a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados.”

A exploração pecuária mostra uma outra face da realidade do modelo capitalista. Na União Europeia, cada cabeça de gado é subsidiada em mais de 2€ por dia. Este valor excede o rendimento diário de 2/3 da população mundial. Nada justifica tal apoio, uma vez que o consumo de carne em Portugal é excessivo, a produção de gado é a principal causa da desertificação e da poluição dos rios e contribui mais para as alterações climáticas que o sector dos transportes. Se a roda dos alimentos aconselha a que 5% das calorias que se ingerem venham da carne, peixe e ovos e se em Portugal a dieta real atinge os 15% nesta categoria, porquê atribuir 40% dos subsídios a este sector, com todas as consequências graves para a saúde pública, ambiente e bem-estar animal?

Da parte do governo só existe indiferença e falta de seriedade pelo tema. Tem protelado na elaboração de uma prometida lei de protecção dos animais que puna actos de violência injustificada contra animais. Graças à ASAE é que explorações pecuárias ilegais têm sido encerradas, mas tal é feito sempre por motivos alheios ao bem-estar animal. De resto tem havido uma total inoperância e cumplicidade na continuação das terríveis condições em que os animais são usados e abusados todos os dias.


Este é um contributo para um debate que já deu pequenos passos dentro do Bloco de Esquerda, servindo para lançar propostas que, podendo não satisfazer totalmente todas as vontades, certamente são possíveis e desejáveis a curto e médio prazo.

Animais de companhia

1) Todos os cães e gatos têm de receber microchip (apenas é obrigatório em cães que tenham nascido depois de 2008);

2) Criação de base de dados única dos dados destes microchips, que permita fácil e rápida consulta e introdução de dados pelos Médicos Veterinários Municipais através da internet. Actualmente existem 3 bases de dados com graves lacunas, o que impede a devolução de um animal perdido ou roubado ou a punição de quem tenha abandonado o seu animal;

3) Esterilização de todos os animais adoptados nos canis / gatis municipais. Estas esterilizações devem ser feitas no próprio espaço do canil / gatil ou, na ausência de condições apropriadas, em clínicas veterinárias locais através de protocolos;


4) Criação de um pacote legislativo de protecção aos animais de companhia que acabe com a ineficácia da actual legislação que é dispersa, confusa e incompleta.

Animais no entretenimento


1) Fim do uso de animais não-humanos nos circos, tanto selvagens como domésticos, promovendo a qualificação de profissionais do novo circo, já referido no texto de Luísa Moreira (secção de Cultura);

2) Apoiar a requalificação de praças de touros fixas com pouca ou nenhuma utilização em espaços culturais livres de touradas (como aconteceu com a criação de um Centro de Ciência Viva em Viana do Castelo);


3) Proibição de rodeios.


Experimentação animal


1) Criação de um banco de cérebros em Portugal para promover uma investigação científica séria, eficaz e segura na área das Neurociências (como Alzheimer e Parkinson), acabando com o sacrifício de centenas de animais por ano;


2) Eliminar parte da criação de animais usados no ensino, promovendo protocolos com Câmaras Municipais, clínicas veterinárias, etc..., para uso de cadáveres de animais.

Alimentação


1) Fim da produção de ovos por galinhas de bateria (criação intensiva) promovendo a transição para produção de ovos “free-range” (criação extensiva).


2) Subsidiar alimentos que promovam a saúde e as necessidades da população portuguesa e não os interesses dos produtores.


Outras

1) Criação de um santuário preparado para receber animais domésticos e selvagens, de forma a impedir que, por falta de espaços, seja dada a guarda dos animais a quem os maltratou ou negligenciou.


2) Incluir as associações de protecção de animais na lei do mecenato, tal como já acontece com organizações de defesa do Ambiente e outras.


3) Proibição da criação de chinchilas, coelhos, raposas ou martas para pêlo.
"

Políticas de Igualdade - Bloco de Esquerda