segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL!


A todos um DOCE NATAL e um INCRÍVEL 2010!!!

Avatar", uma experiência a não perder!"

Este fim de semana vi o filme "Avatar", do realizador James Cameron, em 3D, tudo o que posso dizer é que recomendo vivamente a experiência, não só pelo impacto visual, mas também pela mensagem incutida e pelo renascer dos fantásticos "contos de fadas"...MUITO BOM!*****

"Avatar é um verdadeiro "tour de force" de Cameron, uma obra gigantesca, descomunal, épica. Um filme sem precedentes que não é uma evolução... é, acima de tudo, uma revolução! Uma absoluta, tremenda, envolvente e arrebatadora obra prima visual que empolga o espectador desde o momento em que a primeira imagem em 3D salta para o écran até aos créditos finais."...

Movie Pit

"Ilegalidades no Canil Municipal da Guarda" Parte II

Acho inacreditável, como esta situação se continua a arrastar...e não há uma associação de defesa animal, que se interesse e interfira!...Falamos da cidade da Guarda, onde se fazem sentir temperaturas negativas e assim sendo, tendo em conta as constantes denúncias, os animais depositados no canil desta cidade, estão a sofrer verdadeiras torturas, toda a gente sabe, é publico e ninguém age judicialmente!...Simplesmente revoltante!!! Os argumentos do médico veterinário...são no mínimo irrisórios...e a petulância do veterinário municipal, é deveras incrível, não passando de um funcionário do estado, cujo salário é pago com os nossos impostos, demonstra uma verdadeira insensibilidade para com estas vitimas.

"No Jornal "O Interior"
Edição de 17-12-2009

"No passado dia 7 de Dezembro, o Senhor Médico Veterinário Municipal respondeu, na SIC, à minha indignação perante o que eu e alguns outros cidadãos presenciámos no Canil Municipal da Guarda nos dias 17 e 18 de Dezembro.

Entre outras afirmações ele disse, à laia de explicação, que os cães estão molhados porque alguns têm apetência por se irem deitar nos recipientes da água!

O que estaria o veterinário a dizer? Que os cães do Canil Municipal da Guarda apresentam alterações comportamentais que os levam a portar-se como focas?

Seria que o veterinário nos estava a querer dizer que os cães do canil apresentam alterações comportamentais por serem tratados quais objectos descartáveis, como os dejectos que saem de camiões do lixo como o que vimos ser lavado dentro das instalações do Canil no dia 30 de Novembro passado? Ou o carro que lá tinha estado a lavar no dia 17 do mesmo mês?

Ou seria que o veterinário nos estava a querer dizer que os cães do Canil estão de tal maneira perturbados pelo susto e tensão de serem acordados todos os dias às 6:30 da manhã com um jacto de água apontado à sua cela que se rebolam nas taças da água e por isso ficam molhados?

Não. Parece-me que, do que o Senhor Veterinário disse, podemos apenas concluir que os animais do Canil ficam, de facto, todos molhados – na cidade mais fria do país, em Novembro, em Dezembro, com o vento a entrar pelo espaço de mais de 10 centímetros no cimo de todas as portas, isto na melhor das situações, que é quando estão fechadas...

Perante uma denúncia relativa ao infringimento do Decreto-Lei nº 315/2003 de 17 de Dezembro sobre o bem estar animal, esperávamos que o responsável técnico superior do Canil Municipal falasse sobre a sua preocupação relativamente ao que fora denunciado e se propusesse corrigir o que de errado estivesse a ser feito. Mas não foi isso que fez. Para além de dar uma explicação totalmente inverosímil quanto à causa de os animais se encontrarem molhados e a tremer de frio a todas as horas do dia, o Senhor Veterinário lança para o ar o facto, que toda a gente sabe, de que um canil não é um hotel canino – como se quem denunciava estivesse a confundir os dois tipos de locais e, portanto, não se lhe devesse dar ouvidos.

Por fim, relativamente à queixa de não haver sequer caixa de primeiros socorros para um tratamento rápido, o Senhor Veterinário afirmou que um canil municipal não é um centro veterinário (o que as pessoas também sabem), esquecendo, contudo, o disposto na lei: “Todos os animais devem ser alvo de inspecção diária, sendo de imediato prestados os primeiros cuidados aos que tiverem sinais que levem a suspeitar estarem doentes, lesionados ou com alterações comportamentais” (nº 3 do artigo 13º do referido Decreto-Lei). Mais ainda: “Os animais que apresentem sinais que levem a suspeitar de poderem estar doentes ou lesionados devem receber os primeiros cuidados pelo detentor [centro de recolha] e, se não houver indícios de recuperação, devem ser tratados pelo médico veterinário” (nº 3 do artigo 16º do mesmo documento).

O Senhor Veterinário disse conhecer uma carta dos direitos dos animais mas o que tem mesmo de conhecer é a Lei portuguesa, que segue directivas europeias, e de que aqui trago apenas alguns excertos.

Por exemplo, sobre a ilegitimidade de manter os animais molhados e a tremer de frio no canil, cito o mesmo Decreto-Lei: “O manuseamento dos animais deve ser feito de forma a não lhes causar quaisquer dores, sofrimento ou distúrbios desnecessários (nº 4 do artigo 13º).

Assim, e para obstar a estes maus tratos infligidos pelos tratadores, bastaria mandar soltar os animais, outro requisito não seguido ultimamente no Canil: “Os animais devem dispor do espaço adequado às suas necessidades fisiológicas e etológicas, devendo o mesmo permitir: 1a) A prática de exercício físico adequado” (números 1 e 1a) do artigo 8º). Ou seja, basta soltarem-nos durante o período em que se lavam as celas para que um razoável bem-estar lhes seja permitido.

O cumprimento das normas de bem-estar animal estabelecidas é normal para quem gosta de animais. Ter apenas formação está longe de chegar, como se prova ao sabermos, por exemplo, que um dos tratadores a possui.

A responsabilidade de impor o cumprimento da Lei, neste caso de dar orientação técnica ao pessoal, é, em primeira instância, da incumbência do assessor técnico (não se sabe se algum já foi contratado para o Canil da Guarda) e, acima deste, do responsável técnico do Canil: o médico veterinário municipal.

Estas situações já foram denunciadas pela assessora técnica anterior, Eng. Gabriela Lopes, e foram verificadas pela vereadora Dra. Maria de Lourdes Saavedra que as tentou sanar decidindo o afastamento dos tratadores. Resultado? O contrato da primeira não foi renovado. À vereadora foi-lhe retirado o poder de decisão sobre o Canil.

A pergunta que urge e que requer uma explicação clara é a seguinte: porque é que a Lei não está a ser cumprida? "

Por: Luísa Queiroz de Campos"

Jornal o "Interior"


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

"Campanha de esterilização de animais abandonados"

Desde já apresento as minhas desculpas pela extensão deste "post", mas a importância do tema assim o impõe...

"LISBOA – Participação na Assembleia Municipal aberta ao público dia 10/12

Representantes da Campanha de Esterilização (10 pessoas) estiveram presentes nesta sessão.


Foram lidos os textos abaixo reproduzidos, um de apresentação dos objectivos para Lisboa da Campanha de Esterilização e outro sobre as condições de detenção dos animais no Canil/Gatil de Lisboa e a necessidade urgente de obras.


Nesta assembleia o público intervém no início da sessão e não há qualquer resposta dos deputados municipais o que é bastante desconsolador , mas é o regulamento. Ficámos a saber que só em sessão posterior os deputados podem chamar o assunto a debate, o que esperamos que venha a acontecer com as propostas que apresentámos
No final das intervenções houve deputados que bateram palmas, no que foram secundados pelos amigos dos animais presentes na sala.
No final, alguns deputados vieram falar connnosco assim como uma jornalista.
Hoje está a ser enviada, por e-mail, documentação a cada um dos Partidos representados na AM e à presidente da AM."

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"LISBOA – INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE 10/12

Exma. Srª. Presidente, Exmos. Deputados Municipais, Exmos Presidentes das Juntas de Freguesia
Estou aqui em representação de um grupo de 68 cidadãos do concelho de Lisboa que, preocupados com a situação dos animais abandonados e negligenciados da cidade, estão empenhados numa Campanha Nacional de e Esterilização de Cães e Gatos.
Informo que esta campanha mobiliza já 446 munícipes de 96 concelhos.
A política que tem sido seguida no nosso país para erradicar animais abandonados assenta exclusivamente no abate anual de dezenas de milhares de cães e gatos. Esta política, além de éticamente condenável, é ineficaz e dispendiosa porque não resolve o problema uma vez que todos os dias aumenta o número de animais abandonados já que a sua reprodução é descontrolada.
Manter uma estrutura de abate como o canil de Lisboa é muitíssimo mais dispendioso do que implementar uma política activa de esterilização que a breve prazo reduzirá substancialmente o número de animais que ali entram.
Eis as nossas propostas:
• O regulamento do Cani/Gatil de Lisboa deve contemplar a esterilização obrigatória de todos os animais dados para adopção. Defendemos que a esterilização deverá ser feita antes do animal ir para os novos donos, a menos que exista recomendação veterinária em contrário, ou seja nos casos em que a esterilização possa ser nociva para a saúde do animal. A única maneira de ter a certeza que o animal adoptado não se irá reproduzir é assegurar a sua esterilização a priori da adopção. A partir do momento em que o munícipe X vá ao canil e escolha o animal Y para adoptar, este só será entregue ao novo dono já com a esterilização efectuada. Se os Canis Municipais não se envolverem de uma maneira pro-activa numa política de esterilização obrigatória, estarão a contribuir para a perpetuação do problema da sobre-população, pois os animais adoptados poderão vir a reproduzir-se.
• Uma vez que o Canil de Lisboa possui 5 veterinários ao seu serviço, a prática sistemática de esterilizações parece-nos algo perfeitamente viável. No entanto, sugerimos que o Município proponha protocolos de colaboração com clínicas veterinárias e com as Faculdades de Medicina Veterinária, onde os custos seriam apenas os dos materiais e assim se contribuiria também para a formação prática dos alunos do 4º/5º ano (obviamente sobre supervisão dos professores de cirurgia).
• A Câmara e as Associações de Defesa Animal do concelho devem realizar parcerias para a esterilização dos animais abandonados que estas recolhem. Em Lisboa existem, do nosso conhecimento, 4 associações com espaços próprios ou de aluguer, que recolhem animais abandonados pelos donos ou que se dedicam à esterilização dos mesmos. A saber: Pravi, União Zoofila, Sociedade Protectora dos Animais e Animais de Rua. A Câmara deverá negociar com cada uma destas instituições protocolos de apoio à esterilização, estipulando o número mínimo de esterilizações com que estas podem contar, uma vez que as mesmas não recebem qualquer apoio estatal.
• Defendemos ainda que a Câmara Municipal proporcione aos munícipes com recursos comprovadamente limitados a esterilização gratuita dos animais que possuem. Esta medida deverá ter um regulamento explicativo e deverá ser amplamente publicitada nas Juntas de Freguesia e no site da internet da Câmara Municipal.
Frisamos ainda que as nossas propostas irão poupar dinheiro ao Município, pois a esterilização é a única maneira eficaz de reduzir a população animal errante e assim reduzir também o elevadíssimo número de animais que entra nos canis municipais. Se tomarmos em conta a eficácia da política de esterilização, o baixo valor de custo destas intervenções frisa ainda mais a viabilidade da sua implementação. De facto, os materiais e produtos envolvidos na esterilização de uma cadela de 20 kg têm unicamente o custo de 11,39 euros e na de uma gata de 4 kg, o custo de 9, 73 euros.
Por último, Exmos senhores, queremos frisar que o grupo da Campanha de Esterilização aguarda com grande expectativa a oportunidade de colaborar estreitamente com o Município para se implementar esta política de forma eficaz. A esterilização de animais errantes e negligenciados é de certeza um dos casos em que as considerações éticas envolvidas estão ao mesmo nível das considerações económicas. A esterilização reduz o número de animais. Reduzir o número de animais errantes irá, a longo prazo, poupar dinheiro ao Município. Os benefícios são óbvios. Parece-nos que em tempo de crise, qualquer medida que se proponha a reduzir custos, como é o caso da Campanha de Esterilização, é merecedora da vossa consideração.
O nosso grupo de cidadãos atentos e empenhados é composto por pessoas muito diversas, que desempenham varias profissões e com saberes diversificados que estão disponíveis para trabalhar em conjunto com o Município de Lisboa na implementação desta Campanha de Esterilização.
O apoio desta Assembleia às propostas que aqui apresentámos é da maior importância para o sucesso desta iniciativa e é esse apoio que vos pedimos.
Terminamos com a informação de que, na sequência da nossa intervenção na reunião pública do executivo da Câmara em 25 de Novembro, já efectuámos um contacto para o gabinete do Exmo Senhor Vereador José Sá Fernandes e aguardamos a marcação de uma reunião .
Obrigada pela vossa atenção.
Sandra Archibald"

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Exmos Senhores

A minha intervenção é sobre as condições de acolhimento dos animais no Canil/gatil municipal, a necessidade urgente de obras e consequentemente a necessidade de que o orçamento de 2010 contemple as verbas necessárias para a remodelação do canil.
No seguimento de uma intervenção semelhante que fiz na reunião pública do executivo da Câmara que teve lugar em 25 de Novembro, o Sr. Vereador Sá Fernandes afirmou, em resposta, que neste momento existe um projecto para as obras, que vai ser lançado um concurso e que as obras serão feitas. No entanto, instado a dizer se o orçamento de 2010 contemplava as verbas para as mesmas, não deu uma resposta clara .
Já depois dessa sessão, esteve aberta a apresentação de ideias no âmbito do orçamento participativo e 11% do total das 540 ideias apresentadas diziam respeito exactamente à urgente necessidade de obras no Canil/Gatil. Um tão elevado número de munícipes a referirem um mesmo problema da cidade, a manifestarem uma mesma preocupação, é revelador do profundo descontentamento da população da cidade com a forma como são tratados os seus animais abandonados no canil/gatil de Lisboa.
Para quem nunca foi ao canil, vou descrever sucintamente as condições terríveis em que vive a maioria dos animais. Para sabermos do que estamos a falar, convém dizer que no canil entram em média 7 cães por dia e 5 deles acabam por ser abatidos o que perfaz cerca de 2000 cães abatidos num ano.
São os estrados com pouco mais de 1 m em que os cães de porte médio ou grande nem se conseguem deitar, presos com uma curtíssima corrente que não sei se terá 50 cm . Ali 60 a 70 cães fazem as necessidades, comem, bebem e sobretudo ladram, ganem e uivam, num stress e sofrimento que parte a alma. Estes estrados, que não são sequer boxes, não têm as dimensões exigidas por lei. De facto o Dec-Lei 276 de 2001 de 17 de Outubro, em anexo retomado no Dec- Lei 255 de 2009 de 24/09, exige para detenção em regime fechado, o espaço minímo, para um animal até 16 kg , de 2 m2.
A sala e as gaiolas em que estão presos os gatos não têm as menores condições, sendo pouco maiores que gateiras. Em 2006, os dados fornecidos pelo próprio canil, indicavam uma mortalidade dos gatos de mais de 40% dos gatos entrados no canil, que nesse ano foram cerca de 1100, ou seja animais que não chegam a ser abatidos ( o que é de facto uma forma de reduzir custos…) simplesmente morrem devido às condições de cativeiro e nomeadamente em consequência de doenças contraídas no próprio canil.
Há ainda uma espécie de “ caixa forte” fracamente iluminada onde estão os chamados animais perigosos, cujos donos, esses sim provavelmente perigosos, têm processos judicais e que ali ficam meses.
Não é suportável a manutenção deste campo de concentração para animais na cidade europeia que Lisboa pretende ser.
Assim, apelo a esta Assembleia para que no exercício das suas funções de aprovação do plano de actividades e do orçamento para 2010 garanta que as obras no canil/gatil de Lisboa estejam contempladas.
Apelo ainda a que esta Assembleia aprove, com caracter de urgência, uma deliberação que impeça o Canil/Gatil de Lisboa, dado não ter actualmente as condições requeridas de sanidade e de bem estar, de efectuar capturas de gatos nas colónias existentes na cidade enquanto não estiver construido o novo gatil.
Obrigada pela vossa atenção.
Lisboa, 10 de Dezembro de 2009
Margarida Garrido"

Campanha de Esterilização de Animais Abandonados

Se pretende saber o que a este nível se está a fazer na sua cidade e se quer participar, porque só assim se consegue mudar, visite o site da campanha em Campanha de Esterilização de Animais Abandonados

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"Uma história abaixo de cão"

"Nada me enraivece mais do que a violência contra gente que não se pode defender. Contra animais.

"Primeiro levaram os comunistas, eu calei-me, porque não era comunista. Quando levaram os sociais-democratas, eu calei-me, porque não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque não era judeu. Quando me levaram, já não havia quem protestasse".

A frase, ou o poema, é o que resta de um conjunto de declarações avulsas e obscuras de Martin Niemöller (1892-1984), um pastor luterano alemão que foi internado pelos nazis em campos de concentração. Niemöller, que começou por ter sintomas de anti-semitismo e tentou 'dialogar' com Hitler, acabou um dos mais vigorosos críticos da indiferença do povo alemão perante a política de extermínio. Na vulgata, aquelas palavras circulam mais ou menos assim, um brevíssimo tratado da indiferença. E são erradamente atribuídas a Bertolt Brecht, que escreveu contra essa indiferença. A indiferença que prefere voltar as costas à acção. A indiferença da cegueira voluntária.

Quantas vezes ficaremos em silêncio perante a atrocidade? Não a atrocidade que vem descrita nos media e impele ao julgamento ou linchamento colectivo. A atrocidade do vizinho do lado. A atrocidade vulgar e quotidiana, com o sarro da crueldade repetida.

Uma pessoa conta-me uma história: tem uns vizinhos (imigrantes brasileiros) que têm um cão, há mais de um ano. O cão está sempre abandonado no quintal, sem comida e sem água, e alguns vizinhos têm pena do animal e atiram-lhe comida, ou um pouco de água que ele possa lamber, pela janela. Ouvem-no "chorar". Espiam-lhe os ossos saídos. Os brasileiros são agressivos e não admitem maltratar o cão. Por terem atirado comida ao cão, os donos do cão arrombam uma das caixas do correio. Deixam na caixa arrombada um hambúrguer cru. A pessoa não tem meios para colocar uma nova caixa de correio, o prédio é modesto.

Os donos do cão acabam por dizer-lhe que não era para ela, o hambúrguer. Enganaram-se. A caixa fica arrombada. Ninguém denuncia, não vale a pena, acham.

Um dia destas, alguns vizinhos ouvem o cão ganir. Alguns. Estendido no quintal com um pano por cima. Parece estar a morrer. Não se mexe, sem forças. Outra pessoa vai inquirir, a medo, o que se passa com o cão. Foi atropelado. E não o levam ao veterinário? Vão deixá-lo morrer assim? Não conseguiram telefonar, ninguém atendeu os telefones, etc. O cão morre lentamente. Horas depois, levam o cão, embrulhado no pano, e metem-no na bagageira do carro. Vivo. O cão desapareceu. Ninguém sabe se foi internado ou abandonado para morrer.

Quando me contam a história sinto que qualquer coisa deve ser feita. O quê? A pessoa pede-me que nada faça. Uma denúncia à Sociedade Protectora dos Animais? O Código Penal não prevê tutela destes casos. Decido falar com os donos do cão. A palavra dono é importante. A pessoa que me conta a história diz que não tenho nada que intervir, nem causar-lhe problemas com "os brasileiros" que ameaçam toda a gente. Eles são os donos. Talvez o cão regresse.

Lembro-me como detestava ouvir a "carroça dos cães", que vinha de noite apanhar os cães vadios. Matavam-nos com uma injecção no canil oficial. Os cães gemiam aterrorizados dentro da furgoneta sem janelas. Chamavam-lhe "carroça dos cães". Um dia, há muitos anos, vejo um cão ser apanhado. Com uma rede. O rafeiro debate-se, dão-lhe com um pau. Eu era uma criança, nada podia fazer. A sensação de impotência ficou-me. Os tempos mudaram. Hoje, os cães são recolhidos e alimentados no canil da Câmara Municipal. Podem ser adoptados.

Nada me enraivece mais do que a violência contra gente que não se pode defender. Contra animais. São casos em que, muitas vezes, as mulheres, as crianças e os cães têm um 'dono'. E têm medo. Num restaurante de luxo do Algarve vejo um grupo de homens ligados ao futebol sentados com mulheres. Uma delas não é muito nova e tem a cara esmurrada, olhos negros, lábio inchado. Tapa-a com as mãos. Os olhos lacrimejam de vergonha. O dono ri-se, diz-lhe que pode comer com metade da boca. O restaurante assiste, como eu.

Vejo um pai bater no filho perante a indiferença da mãe. Bofetadas e socos. A criança deve ter uns 4 anos e é arrastada pelos cabelos. Há testemunhas. Intervenho e o pai diz que me bate. Falo com a mãe e começa a chorar, pede-me que nada faça. Chamo a polícia. A polícia encolhe os ombros. As testemunhas fugiram, alegando afazeres. Se quiséssemos ir à esquadra... O dono do filho diz que me meti numa birra de criança que não era da minha conta. Diz que me processa. Na despedida, ameaça passar-me com o carro por cima. A criança treme nos braços dele. Sinto-me insuficiente. A claridade moral não nos cega, nós é que escolhemos fechar os olhos. Ainda não sei como termina a história do cão.

Texto publicado na edição do Expresso de 28 de Novembro de 2009 "

Clara Ferreira Alves (www.expresso.pt)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Grupo Parlamentar do PCP também responde aos protestos contra o espectáculo de circo com animais da AR

"Numa tardia, mas, ainda assim, positiva, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português respondeu da seguinte maneira às cidadãs e cidadãos que se dirigiram ao Parlamento com protestos contra o espectáculo de circo com animais que foi promovido para os membros e funcionários da Assembleia da República:


Exmo.(a) Sr(a)

Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, agradeço a mensagem que nos dirigiu. Como certamente saberá, o GP do PCP foi o primeiro a apresentar um Projecto de Lei com vista ao fim da utilização de animais selvagens em circos ou espectáculos de entretenimento. Infelizmente esse Projecto foi rejeitado pela maioria absoluta do PS na passada Legislatura para que o Governo pudesse copiar as soluções propostas pelo PCP e entregá-las através de legislação da sua autoria. É um expediente político lamentável, mas que infelizmente se repete.

Sobre o espectáculo de circo promovido pelo Grupo Desportivo Parlamentar, o Grupo Parlamentar do PCP não emitiu opinião sem antes contactar directamente o Grupo Desportivo, tendo em conta que a Administração da Assembleia da República delegou nesse Grupo a organização dos eventos e comemorações de Natal da Assembleia. Não seria correcto da parte do Grupo Parlamentar do PCP tomar posição sem antes utilizar os canais que possibilitam o contacto directo com a organização tendo em vista o esclarecimento e resolução do problema.

Como é já do conhecimento público, o Grupo Desportivo Parlamentar diligenciou junto do Circo para que não tivessem lugar números com animais selvagens, dando assim resposta também aos protestos que chegaram à Assembleia da República. Da parte do Grupo Parlamentar do PCP, conte com a coerência que o caracteriza. O PCP afirmou o seu contributo (com o Projecto de Lei nº 765/X – que pode consultar aqui), aliás inovador, para que fosse possível começar um novo caminho para os espectáculos circenses, sem animais selvagens e o compromisso que assim assumiu, mantém-se.

Todos os dias, porém, têm lugar inúmeros espectáculos de circo com recurso a animais selvagens, muitos deles à margem da lei. Sobre essa matéria, o PCP manteve sempre uma acção vigilante, dirigindo Requerimentos e Perguntas ao Governo sobre a real capacidade fiscalizadora, como se pode verificar nesta ligação ou nesta sobre licenciamento de parques zoológicos - que datam já de 2005 - e que bem demonstram que o PCP não se debruça sobre as matérias em função do seu mediatismo.

Saúdo a sua mobilização para a defesa do bem-estar da vida animal. Da parte do PCP, tudo faremos para que a fiscalização das condições de manutenção de animais, em todas as circunstâncias, tenha por parte do Governo a devida intervenção, ao contrário do que se vai verificando. Da mesma forma, tudo faremos para continuar a denúncia e o combate a esta política de abandono e de subvalorização dos recursos e dos elementos naturais que nos rodeiam, que degrada a qualidade de vida das populações e converte todas a manifestações naturais em meras mercadorias sobre as quais incide sempre apenas e um só objectivo: o da exploração para obtenção de lucro.

Com os melhores cumprimentos,

Pedro Ramos
Chefe de Gabinete do Grupo Parlamentar do PCP"

Publicado no blog da "Associação Animal"

"Earth Song - Michael Jackson (legendado em português)"

A propósito da "cimeira de Copenhaga", que teve por intuito estabelecer objectivos na diminuição do índice de poluição dos países em geral.

Vídeo que foi censurado na altura, nos Estados Unidos da América.