terça-feira, 26 de junho de 2012

Ainda dou em terrorista.

Sou pacifista.
Não se preocupe, senhor agente do sis que encontrou a palavra “terrorista” numa busca.
É melhor dizer isto também em inglês, não vá o diabo tecê-las:
I’m a pacifist. Please don’t worry, mister cia agent that found the word “terrorista” in a search.

Sei que ser pacifista está fora de moda, mas sou. Não entendo a reserva que os políticos têm em dizer que são pacifistas. Oiço frases como “sou pela paz mas não sou pacifista”, como se causasse sarna. Ou será que seria hipocrisia a mais, até para um politico?

Sou pela paz. Activamente. Pelo desmantelamento dos arsenais, pela proibição das armas de morte. A dar em terrorista, seria com paus e pedras. Ou, sobretudo, com palavras.

E um terrorista é um militar com uma causa. Infelizmente, justa, na maior parte dos casos. É um militar menos cobarde. Não mata carregando em botões ou dando ordens a quilómetros de distância. Ele é a bomba. Ambos condenáveis, mas um terrorista é a ponta visível de um enorme iceberg de descontentamento justificado.

E é com as causas desses descontentamentos que deveríamos estar a lidar. Até porque estão a bater-nos à porta.

Sou por colocarmos os governantes no seu lugar: de nossos empregados. Nós pagamos-lhes para nos organizarem a vida, não para seguirem as instruções dos seus patrocinadores.

Sou pela responsabilização criminal dos políticos, contra a total impunidade, contra a imunidade. Primeiro-ministro que tenha dito em campanha que vai baixar os impostos e depois faça o contrário deveria ser imediatamente indiciado pelo Procurador Geral da República e colocado em prisão. Preventiva e exemplar.

Sou pela abstenção como voto expresso contra este caminho, esta pseudo-democracia. Sou por votarmos em políticas e não em políticos. Estes até podem ser nomeados por mérito, obrigados depois a seguir à risca as políticas em que todos votarmos em referendos periódicos.

Utopia?! Só se continuarmos a deixar que nos levem neste caminho que, mais cedo ou mais tarde, dará em revoltas, tumúltos, motins. A insatisfação, a injustiça, os desequilíbrios continuam a crescer.

Continuamos a deixar os políticos entregarem aos seus patrocinadores a “carninha” do Estado, deixando o osso para todos nós pagarmos. Em impostos, parquímetros, portagens, coimas. Já foram os combustíveis, os telefones, a água, a electricidade, os terrenos, os hospitais. Para breve deve estar a instauração do imposto de oxigénio - a cobrar consoante as dimensões da caixa toráxica do contribuinte; a taxa de oralidade – para, democraticamente, nos manter caladinhos; e o parquímetro de visitação – fiscais à porta dos prédios perguntam-nos quem vamos visitar e por quanto tempo. Se por acaso nos demorarmos, temos que vir cá abaixo enfiar-lhe mais uma moeda no… bom, mantenhamos a compostura.

Até porque sou pacifista. Pela não violência activa. Pelo activismo pacífico mas acutilante. Sou contra a passividade, a inércia, o deixa andar, o conformismo. Contra muito futebol e festivais para nos manter entretidos. Sou pelas manifestações firmes e barulhentas à porta das assembleias ou das residências dos políticos. Sou pelos buzinões, pelos bloqueios populares. Sou por se chamar ladrão a quem o é, mentiroso a quem se diz engenheiro, chulo a quem é boy, parasita a quem vive nas esferas partidárias.

O Estado não existe. O Estado são as pessoas que lá estão. E não são pessoas de bem. Em nome do Estado, cometem os maiores atropelos aos nossos mais básicos direitos. Na maior impunidade. E, se a coisa corre mal, e alguns chatos decidem queixar-se, há sempre as polícias para os assustar, perseguir ou, até, para carregar sobre eles.

E que tal levantar-se desse sofá e fazer alguma coisa? Umas reclamações, uns protestos. Olhe, um blog, por exemplo.

A ver se não chego a ter que dar em terrorista… 

in http://aindadouemterrorista.blog.com/

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