
A todos um DOCE NATAL e um INCRÍVEL 2010!!!
"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo."... Johnny Welch
Desde já apresento as minhas desculpas pela extensão deste "post", mas a importância do tema assim o impõe...
"LISBOA – Participação na Assembleia Municipal aberta ao público dia 10/12
Representantes da Campanha de Esterilização (10 pessoas) estiveram presentes nesta sessão.
Foram lidos os textos abaixo reproduzidos, um de apresentação dos objectivos para Lisboa da Campanha de Esterilização e outro sobre as condições de detenção dos animais no Canil/Gatil de Lisboa e a necessidade urgente de obras.
Nesta assembleia o público intervém no início da sessão e não há qualquer resposta dos deputados municipais o que é bastante desconsolador , mas é o regulamento. Ficámos a saber que só em sessão posterior os deputados podem chamar o assunto a debate, o que esperamos que venha a acontecer com as propostas que apresentámos
No final das intervenções houve deputados que bateram palmas, no que foram secundados pelos amigos dos animais presentes na sala.
No final, alguns deputados vieram falar connnosco assim como uma jornalista.
Hoje está a ser enviada, por e-mail, documentação a cada um dos Partidos representados na AM e à presidente da AM."
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"LISBOA – INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE 10/12
Exma. Srª. Presidente, Exmos. Deputados Municipais, Exmos Presidentes das Juntas de Freguesia
Estou aqui em representação de um grupo de 68 cidadãos do concelho de Lisboa que, preocupados com a situação dos animais abandonados e negligenciados da cidade, estão empenhados numa Campanha Nacional de e Esterilização de Cães e Gatos.
Informo que esta campanha mobiliza já 446 munícipes de 96 concelhos.
A política que tem sido seguida no nosso país para erradicar animais abandonados assenta exclusivamente no abate anual de dezenas de milhares de cães e gatos. Esta política, além de éticamente condenável, é ineficaz e dispendiosa porque não resolve o problema uma vez que todos os dias aumenta o número de animais abandonados já que a sua reprodução é descontrolada.
Manter uma estrutura de abate como o canil de Lisboa é muitíssimo mais dispendioso do que implementar uma política activa de esterilização que a breve prazo reduzirá substancialmente o número de animais que ali entram.
Eis as nossas propostas:
• O regulamento do Cani/Gatil de Lisboa deve contemplar a esterilização obrigatória de todos os animais dados para adopção. Defendemos que a esterilização deverá ser feita antes do animal ir para os novos donos, a menos que exista recomendação veterinária em contrário, ou seja nos casos em que a esterilização possa ser nociva para a saúde do animal. A única maneira de ter a certeza que o animal adoptado não se irá reproduzir é assegurar a sua esterilização a priori da adopção. A partir do momento em que o munícipe X vá ao canil e escolha o animal Y para adoptar, este só será entregue ao novo dono já com a esterilização efectuada. Se os Canis Municipais não se envolverem de uma maneira pro-activa numa política de esterilização obrigatória, estarão a contribuir para a perpetuação do problema da sobre-população, pois os animais adoptados poderão vir a reproduzir-se.
• Uma vez que o Canil de Lisboa possui 5 veterinários ao seu serviço, a prática sistemática de esterilizações parece-nos algo perfeitamente viável. No entanto, sugerimos que o Município proponha protocolos de colaboração com clínicas veterinárias e com as Faculdades de Medicina Veterinária, onde os custos seriam apenas os dos materiais e assim se contribuiria também para a formação prática dos alunos do 4º/5º ano (obviamente sobre supervisão dos professores de cirurgia).
• A Câmara e as Associações de Defesa Animal do concelho devem realizar parcerias para a esterilização dos animais abandonados que estas recolhem. Em Lisboa existem, do nosso conhecimento, 4 associações com espaços próprios ou de aluguer, que recolhem animais abandonados pelos donos ou que se dedicam à esterilização dos mesmos. A saber: Pravi, União Zoofila, Sociedade Protectora dos Animais e Animais de Rua. A Câmara deverá negociar com cada uma destas instituições protocolos de apoio à esterilização, estipulando o número mínimo de esterilizações com que estas podem contar, uma vez que as mesmas não recebem qualquer apoio estatal.
• Defendemos ainda que a Câmara Municipal proporcione aos munícipes com recursos comprovadamente limitados a esterilização gratuita dos animais que possuem. Esta medida deverá ter um regulamento explicativo e deverá ser amplamente publicitada nas Juntas de Freguesia e no site da internet da Câmara Municipal.
Frisamos ainda que as nossas propostas irão poupar dinheiro ao Município, pois a esterilização é a única maneira eficaz de reduzir a população animal errante e assim reduzir também o elevadíssimo número de animais que entra nos canis municipais. Se tomarmos em conta a eficácia da política de esterilização, o baixo valor de custo destas intervenções frisa ainda mais a viabilidade da sua implementação. De facto, os materiais e produtos envolvidos na esterilização de uma cadela de 20 kg têm unicamente o custo de 11,39 euros e na de uma gata de 4 kg, o custo de 9, 73 euros.
Por último, Exmos senhores, queremos frisar que o grupo da Campanha de Esterilização aguarda com grande expectativa a oportunidade de colaborar estreitamente com o Município para se implementar esta política de forma eficaz. A esterilização de animais errantes e negligenciados é de certeza um dos casos em que as considerações éticas envolvidas estão ao mesmo nível das considerações económicas. A esterilização reduz o número de animais. Reduzir o número de animais errantes irá, a longo prazo, poupar dinheiro ao Município. Os benefícios são óbvios. Parece-nos que em tempo de crise, qualquer medida que se proponha a reduzir custos, como é o caso da Campanha de Esterilização, é merecedora da vossa consideração.
O nosso grupo de cidadãos atentos e empenhados é composto por pessoas muito diversas, que desempenham varias profissões e com saberes diversificados que estão disponíveis para trabalhar em conjunto com o Município de Lisboa na implementação desta Campanha de Esterilização.
O apoio desta Assembleia às propostas que aqui apresentámos é da maior importância para o sucesso desta iniciativa e é esse apoio que vos pedimos.
Terminamos com a informação de que, na sequência da nossa intervenção na reunião pública do executivo da Câmara em 25 de Novembro, já efectuámos um contacto para o gabinete do Exmo Senhor Vereador José Sá Fernandes e aguardamos a marcação de uma reunião .
Obrigada pela vossa atenção.
Sandra Archibald"
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Exmos Senhores
A minha intervenção é sobre as condições de acolhimento dos animais no Canil/gatil municipal, a necessidade urgente de obras e consequentemente a necessidade de que o orçamento de 2010 contemple as verbas necessárias para a remodelação do canil.
No seguimento de uma intervenção semelhante que fiz na reunião pública do executivo da Câmara que teve lugar em 25 de Novembro, o Sr. Vereador Sá Fernandes afirmou, em resposta, que neste momento existe um projecto para as obras, que vai ser lançado um concurso e que as obras serão feitas. No entanto, instado a dizer se o orçamento de 2010 contemplava as verbas para as mesmas, não deu uma resposta clara .
Já depois dessa sessão, esteve aberta a apresentação de ideias no âmbito do orçamento participativo e 11% do total das 540 ideias apresentadas diziam respeito exactamente à urgente necessidade de obras no Canil/Gatil. Um tão elevado número de munícipes a referirem um mesmo problema da cidade, a manifestarem uma mesma preocupação, é revelador do profundo descontentamento da população da cidade com a forma como são tratados os seus animais abandonados no canil/gatil de Lisboa.
Para quem nunca foi ao canil, vou descrever sucintamente as condições terríveis em que vive a maioria dos animais. Para sabermos do que estamos a falar, convém dizer que no canil entram em média 7 cães por dia e 5 deles acabam por ser abatidos o que perfaz cerca de 2000 cães abatidos num ano.
São os estrados com pouco mais de 1 m em que os cães de porte médio ou grande nem se conseguem deitar, presos com uma curtíssima corrente que não sei se terá 50 cm . Ali 60 a 70 cães fazem as necessidades, comem, bebem e sobretudo ladram, ganem e uivam, num stress e sofrimento que parte a alma. Estes estrados, que não são sequer boxes, não têm as dimensões exigidas por lei. De facto o Dec-Lei 276 de 2001 de 17 de Outubro, em anexo retomado no Dec- Lei 255 de 2009 de 24/09, exige para detenção em regime fechado, o espaço minímo, para um animal até 16 kg , de 2 m2.
A sala e as gaiolas em que estão presos os gatos não têm as menores condições, sendo pouco maiores que gateiras. Em 2006, os dados fornecidos pelo próprio canil, indicavam uma mortalidade dos gatos de mais de 40% dos gatos entrados no canil, que nesse ano foram cerca de 1100, ou seja animais que não chegam a ser abatidos ( o que é de facto uma forma de reduzir custos…) simplesmente morrem devido às condições de cativeiro e nomeadamente em consequência de doenças contraídas no próprio canil.
Há ainda uma espécie de “ caixa forte” fracamente iluminada onde estão os chamados animais perigosos, cujos donos, esses sim provavelmente perigosos, têm processos judicais e que ali ficam meses.
Não é suportável a manutenção deste campo de concentração para animais na cidade europeia que Lisboa pretende ser.
Assim, apelo a esta Assembleia para que no exercício das suas funções de aprovação do plano de actividades e do orçamento para 2010 garanta que as obras no canil/gatil de Lisboa estejam contempladas.
Apelo ainda a que esta Assembleia aprove, com caracter de urgência, uma deliberação que impeça o Canil/Gatil de Lisboa, dado não ter actualmente as condições requeridas de sanidade e de bem estar, de efectuar capturas de gatos nas colónias existentes na cidade enquanto não estiver construido o novo gatil.
Obrigada pela vossa atenção.
Lisboa, 10 de Dezembro de 2009
Margarida Garrido"
Campanha de Esterilização de Animais Abandonados
Se pretende saber o que a este nível se está a fazer na sua cidade e se quer participar, porque só assim se consegue mudar, visite o site da campanha em Campanha de Esterilização de Animais Abandonados
"Primeiro levaram os comunistas, eu calei-me, porque não era comunista. Quando levaram os sociais-democratas, eu calei-me, porque não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque não era judeu. Quando me levaram, já não havia quem protestasse".
A frase, ou o poema, é o que resta de um conjunto de declarações avulsas e obscuras de Martin Niemöller (1892-1984), um pastor luterano alemão que foi internado pelos nazis em campos de concentração. Niemöller, que começou por ter sintomas de anti-semitismo e tentou 'dialogar' com Hitler, acabou um dos mais vigorosos críticos da indiferença do povo alemão perante a política de extermínio. Na vulgata, aquelas palavras circulam mais ou menos assim, um brevíssimo tratado da indiferença. E são erradamente atribuídas a Bertolt Brecht, que escreveu contra essa indiferença. A indiferença que prefere voltar as costas à acção. A indiferença da cegueira voluntária.
Quantas vezes ficaremos em silêncio perante a atrocidade? Não a atrocidade que vem descrita nos media e impele ao julgamento ou linchamento colectivo. A atrocidade do vizinho do lado. A atrocidade vulgar e quotidiana, com o sarro da crueldade repetida.
Uma pessoa conta-me uma história: tem uns vizinhos (imigrantes brasileiros) que têm um cão, há mais de um ano. O cão está sempre abandonado no quintal, sem comida e sem água, e alguns vizinhos têm pena do animal e atiram-lhe comida, ou um pouco de água que ele possa lamber, pela janela. Ouvem-no "chorar". Espiam-lhe os ossos saídos. Os brasileiros são agressivos e não admitem maltratar o cão. Por terem atirado comida ao cão, os donos do cão arrombam uma das caixas do correio. Deixam na caixa arrombada um hambúrguer cru. A pessoa não tem meios para colocar uma nova caixa de correio, o prédio é modesto.
Os donos do cão acabam por dizer-lhe que não era para ela, o hambúrguer. Enganaram-se. A caixa fica arrombada. Ninguém denuncia, não vale a pena, acham.
Um dia destas, alguns vizinhos ouvem o cão ganir. Alguns. Estendido no quintal com um pano por cima. Parece estar a morrer. Não se mexe, sem forças. Outra pessoa vai inquirir, a medo, o que se passa com o cão. Foi atropelado. E não o levam ao veterinário? Vão deixá-lo morrer assim? Não conseguiram telefonar, ninguém atendeu os telefones, etc. O cão morre lentamente. Horas depois, levam o cão, embrulhado no pano, e metem-no na bagageira do carro. Vivo. O cão desapareceu. Ninguém sabe se foi internado ou abandonado para morrer.
Quando me contam a história sinto que qualquer coisa deve ser feita. O quê? A pessoa pede-me que nada faça. Uma denúncia à Sociedade Protectora dos Animais? O Código Penal não prevê tutela destes casos. Decido falar com os donos do cão. A palavra dono é importante. A pessoa que me conta a história diz que não tenho nada que intervir, nem causar-lhe problemas com "os brasileiros" que ameaçam toda a gente. Eles são os donos. Talvez o cão regresse.
Lembro-me como detestava ouvir a "carroça dos cães", que vinha de noite apanhar os cães vadios. Matavam-nos com uma injecção no canil oficial. Os cães gemiam aterrorizados dentro da furgoneta sem janelas. Chamavam-lhe "carroça dos cães". Um dia, há muitos anos, vejo um cão ser apanhado. Com uma rede. O rafeiro debate-se, dão-lhe com um pau. Eu era uma criança, nada podia fazer. A sensação de impotência ficou-me. Os tempos mudaram. Hoje, os cães são recolhidos e alimentados no canil da Câmara Municipal. Podem ser adoptados.
Nada me enraivece mais do que a violência contra gente que não se pode defender. Contra animais. São casos em que, muitas vezes, as mulheres, as crianças e os cães têm um 'dono'. E têm medo. Num restaurante de luxo do Algarve vejo um grupo de homens ligados ao futebol sentados com mulheres. Uma delas não é muito nova e tem a cara esmurrada, olhos negros, lábio inchado. Tapa-a com as mãos. Os olhos lacrimejam de vergonha. O dono ri-se, diz-lhe que pode comer com metade da boca. O restaurante assiste, como eu.
Vejo um pai bater no filho perante a indiferença da mãe. Bofetadas e socos. A criança deve ter uns 4 anos e é arrastada pelos cabelos. Há testemunhas. Intervenho e o pai diz que me bate. Falo com a mãe e começa a chorar, pede-me que nada faça. Chamo a polícia. A polícia encolhe os ombros. As testemunhas fugiram, alegando afazeres. Se quiséssemos ir à esquadra... O dono do filho diz que me meti numa birra de criança que não era da minha conta. Diz que me processa. Na despedida, ameaça passar-me com o carro por cima. A criança treme nos braços dele. Sinto-me insuficiente. A claridade moral não nos cega, nós é que escolhemos fechar os olhos. Ainda não sei como termina a história do cão.
Sendo nós uma espécie mais evoluída em relação aos restantes mamíferos (afinal não pertencemos à espécie dos Neandertal, nem já à do homo sapiens, mas sim à do homo sapiens sapiens), seria de esperar, talvez, uma atitude de maior compaixão, solidariedade, gratidão e amizade para com seres que connosco partilham o planeta, e que, fazendo parte integrante do nosso habitat, nos prestam serviços e nos oferecem a sua amizade incondicional.
Mas não. Há ainda demasiada gente que se compraz e faz gala em tratar mal os animais. Parece-me estar a ouvi-los: “Atiro aqueles gatos à parede e eles fazem poc, poc, poc!”; ou ainda: “Como não me queria obedecer, atirei-lhe a mangueira à cabeça e fiz-lhe logo um buraco! O sangue do filho da ... até esguichou para a parede!”
Para já não falar de todos aqueles que, apesar de proibido por lei, os abandonam: os abandonam quando eles crescem e já não têm a graça de ser cachorro; os abandonam quando, ao comportarem-se como cachorros que são, roem tudo o que encontram; os abandonam quando vão de férias e não pensaram com antecedência onde os deixar; os abandonam quando não prestam para a caça; os abandonam quando estão velhos e doentes.
Sendo esta a mentalidade de uma parte da população, seria de esperar que, ao pôr em funcionamento um canil municipal, o presidente da autarquia tivesse extremo cuidado na escolha dos tratadores a contratar – fosse a partir de grupos indiferenciados de candidatos ou de grupos mais diferenciados (não esqueçamos que os maus exemplos proliferam, por vezes mesmo por parte das entidades de quem se espera maior responsabilidade e o melhor exemplo).
Teria sempre de haver parâmetros muito concretos que levassem a encontrar pessoas cuidadosas e carinhosas para com os animais. É que os cursos de formação nunca transformam sentimentos. O curso de formação ensina técnicas, não confere um lado humano e de empatia a quem o não possui à partida.
Foi essa falta de humanidade e empatia que vi quando visitei o Canil Municipal da Guarda na passada terça e quarta-feira, dias 17 e 18 de Novembro, a diversas horas do dia.
Os cães do canil encontravam-se continuamente molhados. Tremiam de frio. De manhã o chão dos compartimentos estava a ser lavado e, juntamente com o chão, os animais eram também molhados e alguns, os mais baixotes, estavam a pingar água. Vi cães, mas estou a imaginar que o mesmo acontece aos gatos... À tarde, quando lá voltei, os cães continuavam a pingar água. Os maiores tinham o pêlo todo húmido. Apesar de haver duas ninhadas que tinham ninho, havia uma cadela, aparentemente recém-chegada, só com um cachorro, que não tinha ninho, só o estrado molhado, e tremia de frio. Havia dois ninhos num vão de escadas cá fora mas que não estavam a ser usados e eu própria coloquei um deles à mãe cadela com um tapete que trouxe de casa com esse fim.
Os restantes cães – e havia um total de 19 adultos e nove cachorros – tinham como cama uns estrados de plástico molhados onde se poderiam deitar. A alternativa era estarem de pé, sobre a água. Ao chamar a atenção do tratador para os cães todos molhados, este disse que era natural, que não podia lavar o chão sem molhar os animais.
Um dos cães, que acabei por trazer para casa, deixava pegadas de sangue ao andar. O tratador de serviço comentou que tinha havido luta entre os cães. Mas não - era apenas a pele fragilizada das suas patas. Como estão todo o dia em contacto com a água num piso quase liso, as almofadinhas das patas não chegam a secar e, não sendo endurecidas por caminhadas em terrenos com relevo, ficam muito frágeis e abrem gretas com facilidade.
É interessante notar que, tendo um dos dois membros da Associação A Casota, presentes na altura, pedido ao veterinário municipal um pouco de Betadine para lhe pôr nas patas, este o tenha negado, dizendo que não havia Betadine nem caixa de primeiros socorros porque no Canil Municipal não se tratavam animais.
O tratador confirmou que os animais não eram soltos. Desde fins de Julho passado que os cães do Canil Municipal da Guarda deixaram de poder estar um tempo fora das celas todos os dias, o que fora hábito durante os três anos em que a engenheira zootécnica lá estivera e que faz parte das boas práticas para o bem-estar animal que a lei prevê (Decretos-Lei nº 276 de 2001 e nº 314 e nº 315 de 2003). Bastava que os soltassem enquanto lavavam as celas para que não ficassem molhados, a tremer de frio, todo o dia e toda a noite, como acontece no século XXI, na cidade mais fria do país.
Na reunião havida na Câmara Municipal da Guarda em 14 de Setembro de 2007 sobre o funcionamento do Canil, tinha sido já decidido o afastamento dos actuais funcionários afectos ao Canil e a sua recondução noutras funções. Dois anos depois porque continuam ainda lá aqueles homens inicialmente contratados para a recolha de lixo? O que é assim tão forte que mantém no Canil Municipal da Guarda “tratadores” que lidam desta forma com os animais?
Por: Luísa Queiroz de Campos"
Jornal "O Interior"
Mais de 120 cães daquela raça foram colocados num abrigo graças aos esforços de associações de defesa de animais. Cerca de 120 aguardam a mesma sorte.
"Não são animais perigosos, são vítimas de abusos", sustentou a vice-presidente da Sociedade Humana do Missouri, Debbie Hillm, acrescentando que os cães "só querem estar em casa de alguém".
LusaUma petição (ver abaixo) que recolheu 3800 assinaturas em mês e meio, uma razoável cobertura dos órgãos de informação, um acolhimento simpático, mais ou menos empenhado, a nível central dos Partidos que nos quiseram receber e a quem fizemos a entrega da petição, algumas respostas de candidatos a munícipes que enviaram e-mails, umas meramente formais, outras revelando a disposição de avançar na resolução local da situação de calamidade em que se encontram os cães e gatos abandonados e negligenciados – mas este pouco que conseguimos não é nada e para conseguirmos reais alterações temos de persistir.
Assim , um apelo para a continuação desta luta foi lançado aos 3 800 peticionários e neste momento ( 5 de Novembro) são quase 400 pessoas em 90 concelhos do país a ofereceram-se para irem às assembleias municipais e reuniões dos executivos camarários apresentar de viva voz as 3 reivindicações centrais desta campanha:
1º- os canis devem esterilizar todos os animais que são dados para adopção. No caso de a Câmara respectiva não possuir os meios técnicos (pessoal ou/e equipamentos) para proceder às esterilizações, deverá pedir a colaboração das Escolas Veterinárias ou/e celebrar protocolos com clínicas veterinárias com vista a assegurar essa esterilização.
2º- os animais abandonados devem ser esterilizados gratuitamente ao abrigo de protocolos entre as Câmaras e as Associações de Animais com vista a estancar e reduzir progressivamente o seu número a curto e médio prazo.
3º – as Câmaras Municipais devem proporcionar aos munícipes com recursos financeiros limitados a esterilização dos animais que possuem. As Câmaras devem referenciar os munícipes que repetidamente entregam ninhadas de gatos ou cães para abate com vista a conseguir a esterilização das fêmeas que procriam."
Campanha de Esterilização Animal
In Jornal "Setubalense"
Arquivo: Edição de 28-10-2009