"Respiro em câmara lenta.
Assim acelero a forma como o mundo me chega.
Mas absorvo-o devagar.
Prolongo a onda na sua curva perfeita antes da sua igualmente perfeita rendição.
E só depois desço as pálpebras. Rapidamente, para que dentro de mim, o ondular desse estranho mar permaneça lento.
Uma espécie de eternidade que falsamente fabrico para que o que acontece dure mais. O que existe, exista mais.
Em câmara lenta às vezes até a tristeza me faz sorrir.
Em câmara lenta apercebo-me de como afinal a rua está vazia.
A rua está muito mais vazia hoje.
...
...
...
Visto o casaco e adormeço.
Ou morro.
Sempre a mesma dúvida.
...
..."
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