terça-feira, 17 de agosto de 2010

"Actividade do Canil Municipal de Lisboa"

"Os quadros e gráficos elaborados a partir dos dados sobre a actividade do Canil Municipal de Lisboa podem ser vistos aqui

Podemos concluir que, ao longo do período considerado (2002-2009), entraram cada vez mais animais no canil/gatil de Lisboa (referimo-nos apenas aos animais vivos e a gatos e cães). Nestes últimos 8 anos, entraram, em média, 2 700 animais por ano tendo sido possível garantir uma mesma ordem de saídas através fundamentalmente do abate.

Metade dos animais que entraram no canil foram abatidos e 20% morreram, os restantes 30% ou foram restituídos ou então foram adoptados. A taxa de mortalidade (abates mais óbitos) ronda os 70%.

Face ao aumento de actividade sobretudo das capturas, mas também das entregas de animais, todas as saídas cresceram, por exemplo o abate cresceu 39% em 2009 face a 2002, enquanto o número de óbitos mais do que duplicou, tendo mesmo quadriplicado para o caso dos gatos.

Conclui-se, portanto, que a capacidade de acolhimento não aumentou, pois o aumento das entradas é acompanhamento por igual movimento de saídas, sendo o abate a solução definitiva mais utilizada.

No Canil de Lisboa, em 2009, entraram por dia, aproximadamente, 10 animais no canil. Destes 7 morreram, dos quais 5 foram abatidos.

A informação que existe aparenta alguma inconsistência, sendo apresentada numa óptica de “gestão de stocks”, desconhecendo-se, por exemplo, o motivo do óbito, o tempo de permanência, a capacidade instalada para permanência de animais e quais as condições de vida proporcionadas aos animais que permanecem no canil.

Fica, portanto, um conjunto de questões por responder, tais como, o que é que justifica o aumento tão significativo de óbitos? Quais os cuidados médico ou veterinários prestados? O porquê do aumento das capturas a par do aumento das entregas? Entre os abates praticados pelos veterinários do canil quantos correspondem a animais que são entregues com doenças terminais e com indicação médica de eutanásia?

Estas e outras questões devem ser respondidas por quem detém responsabilidades nesta matéria de forma a que os munícipes de Lisboa compreendam as estratégias seguidas pela CML no que respeita os animais abandonados da cidade. Será que os habitantes de Lisboa querem:

1) continuar a pensar que hoje deram entrada no canil mais 10 animais e que 5 vão ser abatidos?

2) continuar a viver com o horror da falta de solução para os milhares de animais que vivem nas nossas ruas e cujo futuro será a morte?

3) explicar aos nossos filhos que pagamos impostos para que uns senhores tenham a tarefa de capturar o animal, em condições, por vezes, brutais, para o deixar morrer ou então para o abater?

4) continuar a ouvir os animais chorarem e não fazerem nada?

Ou vamos mudar de políticas e encontrar soluções sustentáveis e de acordo com o respeito pelo bem-estar dos animais em harmonia com os cidadãos de Lisboa?

Ficam as perguntas e a vontade de implementar as soluções.

(1) Os dados que servem de base a esta análise têm as seguintes fontes:

Dados de 2002 a 2006 : http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/

Paginas/DetalhePerguntaRequerimento.aspx?ID=38344

Dados de 2007 a 2009 : enviados, a pedido, pela CML, vereação do Dr. Sá Fernandes, em 18 de Junho de 2010"

Fonte: campanhaesterilizacaoanimal.wordpress

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