“Neste Outono/Inverno, todos os pais, assim como todas as escolas e empresas, deveriam organizar idas familiares ou escolares à peça «Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães», que divertirá, estimulará e educará importantemente crianças (e adultos) – em vez de organizarem visitas a deseducativos, degradantes e cruéis espectáculos de circo com animais”
Com um texto perfeito – cuja qualidade, quer quanto à forma, quer quanto ao conteúdo, não espantam, considerando quem é o seu autor –, esta peça apresenta-nos questões diversas, ironizando, e deixando, sem doutrinar, uma mensagem (que se subdivide em muitas mensagens importantes) fundamental acerca de um bem tão fundamental e precioso como é a liberdade, ao mesmo tempo que desafia a presunção – que os humanos sempre mantêm – de que a falta de liberdade pode ser compensada pelo exercício de uma subjugação amenizada ou de uma escravatura dulcificada pela proporção de confortos. Uma das questões levantadas de forma descontraída e divertida mas inteligente e certeira prende-se exactamente com a aceitação de que é legítimo manter em cativeiro e sob domínio alguém (nomeadamente animais) desde que, embora sem serem livres, sejam relativamente “bem tratados”.
Não há como não concluir que “Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães” é, quer de um ponto de vista de crítica social e educacional, quer de um ponto de vista dos direitos dos animais, uma peça perfeita de educação e de apelo à reflexão, desde logo porque é tão acessível e interessante para crianças de tenra idade, quanto é alegre, cativante e estimulante para adultos de todas as idades. Excelentemente encenada por Manuel Mendes, e brilhantemente interpretada pela actriz vegana e defensora dos direitos dos animais Maria Dias (Natalie, na telenovela Rebelde Way, da SIC), e por Helena Veloso, Diogo Andrade e Gonçalo Ruivo, “Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães” é, como a descreve a Companhia Teatral do Chiado, “uma peça em que [...] tudo acontece como se passássemos a ver o nosso mundo pelos olhos dos animais, [...] como se os animais tivessem a vida dos humanos – e os humanos fossem os seus bichos de estimação. Estes animais são, portanto, muito parecidos com certas pessoas: o Juiz Elefante e o Papagaio Advogado fazem lembrar outros juízes e outros advogados (e fazer lembrar não quer dizer que sejam iguais...). O que é roubar, o que é prender, o que é julgar? Quando a vida de gente é pior do que "vida de cão", deve-se fugir ou obedecer? É bom ser livre ou é melhor estar preso e não ter que pensar em nada? Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães inicia as crianças nestas perguntas, simples mas infinitas, onde o sentido das coisas deixa de ser tão evidente como certas banalidades, muito repetidas, nos fazem acreditar. Jogando com as palavras, virando do avesso o mundo como o conhecemos, M. A. Pina abre às crianças (e reabre aos adultos!) o prazer de perguntar. E é rindo que o faz, fazendo-nos rir "de nós mesmos e dos outros".
" Para mais informações sobre a peça “Perguntem aos Vossos Gatos e aos Vossos Cães” e/ou para comprar bilhetes (ou organizar idas à peça através da sua escola ou empresa), por favor visite o site da Companhia Teatral do Chiado, em http://www.companhiateatraldochiado.pt/info_peca.php?n_peca=50.
Sempre que possível, por favor refira na bilheteira ou directamente à Companhia Teatral do Chiado que soube da peça através da recomendação da ANIMAL."
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