terça-feira, 4 de novembro de 2008

Declarações lamentáveis do líder parlamentar do PSD...

"Por favor, envie uma mensagem de protesto à Presidente do PSD e ao Líder Parlamentar deste partido condenando as declarações gravíssimas que este fez em entrevista ao "Sol" declarando os animais seres inferiores

Por favor, envie a mensagem abaixo sugerida – ou escreva a sua própria mensagem personalizada – para a Presidente do PSD, com conhecimento ao Presidente do Grupo Parlamentar do PSD, condenando as declarações deste ao “Sol”, nomeadamente por ter afirmado que os animais são inferiores e por ter defendido várias actividades de violência e exploração de animais. Por favor, envie a sua mensagem para psd@psd.pt; gp_psd@psd.parlamento.pt; Com Conhecimento (Cc) a campanhas@animal.org.pt.

Mensagem Sugerida

Exm.ª Senhora Presidente do Partido Social Democrata,

Com Conhecimento ao Exm.º Senhor Presidente do Grupo Parlamentar do PSD,

Venho escrever a V. Ex.ª para exprimir o meu repúdio pelas declarações do Presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Paulo Rangel, em entrevista ao “Sol”, na edição do passado Sábado deste semanário, na qual este responsável do partido que V. Ex.ª dirige apresentou, despudoradamente, uma visão perfeitamente arcaica dos animais e da consideração que lhes deve ser destinada.

Tenho ainda dificuldade em acreditar que tudo o que li possa ter sido afirmado por um deputado que é, além do mais, líder parlamentar daquele que é, neste momento, o segundo maior partido de Portugal e que é, como bem sabemos, um partido que frequentemente tem responsabilidades governativas, além das parlamentares e autárquicas que solidamente tem implementadas.

O Presidente do Grupo Parlamentar do PSD parece ter seleccionado os piores, mais infelizes e mais preconceituosos pensamentos acerca dos animais para os verter nesta entrevista, da qual se destacam as seguintes citações:

· “Não faz sentido haver um Dia do Cão.”

· “Também não [faz sentido haver um Dia dos Animais]”.

· “Um cão nunca deixa de ser um cão. Trocaria a vida do meu cão pela vida de qualquer pessoa em qualquer lado do mundo, mesmo não a conhecendo. Uma pessoa vale sempre mais do que um animal.”

· “Os animais merecem protecção mas não são titulares de direitos.”

· “Não são eles que têm esse direito [de ser bem tratados e protegidos]. Nós é que temos essa obrigação.”

· “Para mim essa é uma concepção errada [a de que os animais devem ter direitos]. Acho que só as pessoas devem ser titulares de direitos.”

· “Os animais [também sofrem], mas não sofrem como nós.”

· “A caça ou as touradas, enquanto tradições com determinadas características e determinados limites, são toleráveis. Fazem parte da Cultura.”

· “Muitas tradições não acabaram e estas [caça e touradas] são daquelas que para mim não devem acabar.”

· “Faço uma separação ontológica entre as pessoas e os animais.”

· “Num contexto cultural devidamente integrado, certas tradições [como a caça e as touradas] – ainda que possam chocar algumas pessoas – são admissíveis. É a minha posição.”

· “Não sou contra [a exibição de touradas na RTP].”

· “Desde que devidamente contextualizado [a transmissão de touradas pela RTP, televisão do Estado, expondo as crianças à violência contra os animais], não vejo nisso qualquer problema.”

· “A menos que esteja em causa a extinção de espécies, não acho mal [utilização de peles para confecção de vestuário].”

· “A dignidade humana é um valor superior ao da dignidade dos animais. O Homem é ontologicamente diferente dos restantes animais.”

Como é possível alguém poder pensar desta maneira nos dias de hoje? Como pode, além do mais, um importante dirigente político e parlamentar ter uma visão tão pré-científica e racionalmente oca dos animais e da importância que têm? E, mais do que isso, como pode alguém que ocupe este cargo cometer o erro grosseiro e monumental de produzir declarações deste calibre e continuar em funções?

Pela minha parte, não é neste tipo de político que identifico um bom representante – antes pelo contrário. Quero, de resto, chamar a atenção de V. Ex.ª para este aspecto. São as sondagens que o deixam muito claro: a esmagadora maioria dos portugueses preocupa-se importantemente com os animais e com o papel que o Estado tem e deve ter quanto à protecção destes. Integram na visão de um Portugal moderno e desenvolvido a protecção dos animais como um papel do Estado e dos seus agentes e representantes. E, a um ano de três actos eleitorais, o Partido Social Democrata pode sair eleitoralmente muito prejudicado pelo facto de ter como seu líder parlamentar alguém que pensa e se exprime como o actual líder parlamentar do PSD o fez nesta inacreditável entrevista.

Posto isto, venho pedir a V. Ex.ª que considere tomar diligências para encontrar um líder parlamentar para o PSD que seja pelo menos tão moderno e compassivo como o PSD deve ser e que ofereça uma boa imagem do partido que V. Ex.ª dirige, nomeadamente quanto ao modo como este se posiciona acerca da protecção dos animais, na certeza de que, tal como eu, muitas outras portuguesas e portugueses não se esquecerão, nas próximas eleições, das palavras do Senhor Dr. Paulo Rangel – e certamente que o PSD não quererá ser medido ou avaliado por esta visão e por estas palavras.

Ficarei na expectativa de uma resposta de V. Ex.ª que me descanse – e que descanse todas as muitas outras pessoas que partilham a minha preocupação – quanto ao que o PSD, enquanto partido, tem para dizer acerca desta matéria.

Espero que, no mínimo, surja um esclarecimento que clarifique que o PSD não pensa como o seu líder parlamentar e que, de futuro, atribuirá a devida consideração aos princípios da ética e da compaixão e a importância que estes têm para os portugueses.

Agradecendo antecipadamente a atenção dispensada à presente mensagem,

Com os meus melhores e mais respeitosos cumprimentos,

[Nome]

[Endereço de E-mail]

[Cidade]"

ANIMAL

Reacções a estas declarações no Jornal Publico

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