(...) Passava também por generoso e era-o. Dei muito, em público e em particular. Mas, longe de sofrer, quando era preciso desfazer-se de um objecto ou de uma quantia em dinheiro, tirava daí constantes prazeres, o menor dos quais não seria uma espécie de melancolia que, por vezes, nascia dentro de mim, ao considerar a esterilidade destas dádivas e a provável ingratidão que se lhes seguiria. Tinha mesmo tal gosto em dar que detestava ser obrigado a isso. A exactidão em coisas de dinheiro maçava-me, e encarava-a sempre de mau humor. Precisava de ser senhor das minhas liberalidades."...
Albert Camus
Foto: (c) André R. Araújo
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