sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Diferenças relativas...

Como combater argumentos especistas:

"Imagino que todos aqui tenham uma idéia do que sejam direitos humanos. Por que é que todos os seres humanos, independetemente de suas capacidades cognitivas, têm o mesmo direito à vida, à integridade física e à liberdade? Simplesmente porque têm o mesmo interesse em continuar vivos, em não sofrer e em não serem aprisionados. Se os outros animais têm exatamente os mesmos interesses, por que não deveriam ter os mesmos direitos?
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Respondendo à minha pergunta anterior, um especista diria que os outros animais não teriam os mesmos direitos básicos que os seres humanos porque eles pertenceriam a uma espécie diferente. Do mesmo modo que um racista negaria os mesmos direitos aos negros pelo fato destes últimos possuírem uma cor de pele diferente. Ou seja, discrimina-se com base em características biológicas irrelevantes para se defender privilégios inaceitáveis.
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Só para concluir, o que há de mais errado na escravidão não é o modo como o escravo é tratado, mas o simples fato de que a sua própria vida não lhe pertence. Ao invés de questionarmos o modo como os chimpanzés são tratados nos circos, deveríamos nos questionar o porquê deles estarem lá em primeiro lugar. Quem foi que nos deu o direito de aprisioná-los e de usá-los para os nossos próprios fins? A lei do mais forte?
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Peter Singer é um filósofo utilitarista, ou seja, sua abordagem não tem nada a ver com direitos, seja para humanos ou para outros animais. O seu objetivo é o da maximização do prazer e o da minimização da dor no mundo, mesmo que isto se dê às custas da violação do interesse de alguns, como no caso da vivissecção.
Os principais teóricos dos verdadeiros direitos animais são os americanos Tom Regan e Gary Francione, que se fundamentam na ética do dever."
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Para que algum indivíduo seja titular de direitos básicos, o único requisito necessário é a sua capacidade de possuir interesses. E para que ele tenha interesses em sentido concreto, ele necessariamente deverá ser capaz de ter sensações. Como os vegetais não se enquadram nesta categoria, eu não estaria sendo especista ao matar um pé de alface, que não deixa de ser um organismo pertencente a uma espécie diferente.
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Conheço o livro de Pollan, cuja tese é semelhante a de Peter Singer. Para ambos, não haveria problema ético algum em alguém ser um "onívoro consciencioso". Para eles, o que importa é o modo como o animal foi tratado e não o seu uso em si. Um onívoro consciencioso seria o equivalente a um senhor de escravos cujos escravos recebem tratamento exemplar, com ar condicionado nas senzalas, horas de descanso regulares e plano de saúde.
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Sem contar que quando matamos um animal, necessariamente estaremos privando-o de suas experiências futuras, mesmo que ele tenha morrido com um sorriso de orelha à orelha. Para que um indivíduo tenha direito à vida, basta que ele seja capaz de desfrutá-la. Para que ele possa desfrutá-la, ele deverá ser capaz de ter sensações. O fato de ele não ter consciência da morte é irrelevante, pois muitos seres humanos também não têm e nem por isso deixam de ter direito à vida."


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