sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Se há coisa que eu gosto mesmo é de conversar com velhos.

"Gosto de conversar com o meu avô. Gosto, é verdade. A maioria pode achar secante, mas o que uns consideram 'cara de seca' eu considero arrogância por não aproveitarem a oportunidade que têm nas mãos de aprenderem pontos de vista, opiniões e vivências completamente diferentes. É verdade que as opiniões das pessoas da geração de 40, 50 divergem muito das da geração de 80, 90 mas, sinceramente, como é que isso poderia não acontecer quando se tem 50 anos de experiência pelo meio? Enerva-me que cortem conversa quando um velho está a (tentar) falar. Tira-me do sério. De repente, é como se aquela pessoa passasse a ser uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar quando, na verdade, tem mais do que as pessoas que lhe cortaram a conversa. E confesso: prefiro conversar com pessoas mais velhas do que com pessoas mais novas, na maioria dos casos.Gosto de falar sobre as revoluções, o país, a diferença entre o antes e o agora. É bom variar entre as típicas conversas de café onde saímos tal e qual como quando lá entrámos. Gosto de conversar com o meu avô. Ele gosta de me relembrar que se orgulha muito de mim e que reza por mim todas as noites e eu coro até à raiz do cabelo porque não sei o que é que hei-de dizer, e portanto abraço-o. Gosto de falar, não gosto de discutir. Porque há assuntos em que somos os dois inflexiveis. Não vale a pena dizer-lhe que, para mim, a tourada é um crime porque ele vai dizer-me logo de seguida que os touros são feitos mesmo para isso. E eu depois não me vou conseguir conter. Mas gosto de conversar com ele, e com os outros. Desde que se interessem pelo que digo e não me tratem como se eu fosse uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar."

Por "June"

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