domingo, 30 de janeiro de 2011

Não sei o que é...

Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja e a mulher que se ama.

A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração.

Certas formas, certo ar voluptuoso, criam o desejo. O que produz o amor, não se sabe; é tudo isto às vezes; é mais do que isto, não é nada disto.

Não sei o que é; mas sei que se pode admirar uma mulher sem a desejar, que se pode desejar sem a amar. O amor não está definido, nem o pode ser nunca. O amor verdadeiro...



Almeida Garrett

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

movies and words...



Jesse: Alright, I have an admittedly insane idea, but if I don't ask you this it's just, uh, you know, it's gonna haunt me the rest of my life

Celine: What?

Jesse: Um... I want to keep talking to you, y'know. I have no idea what your situation is, but, uh, but I feel like we have some kind of, uh, connection. Right?

Celine: Yeah, me too. Jesse: Yeah, right, well, great. So listen, so here's the deal. This is what we should do. You should get off the train with me here in Vienna, and come check out the capital.

Celine: What?

Jesse: Come on. It'll be fun. Come on.

Celine: What would we do?

Jesse: Umm, I don't know. All I know is I have to catch an Austrian Airlines flight tomorrow morning at 9:30 and I don't really have enough money for a hotel, so I was just going to walk around, and it would be a lot more fun if you came with me. And if I turn out to be some kind of psycho, you know, you just get on the next train.

Jesse: Alright, alright. Think of it like this: jump ahead, ten, twenty years, okay, and you're married. Only your marriage doesn't have that same energy that it used to have, y'know. You start to blame your husband. You start to think about all those guys you've met in your life and what might have happened if you'd picked up with one of them, right? Well, I'm one of those guys. That's me y'know, so think of this as time travel, from then, to now, to find out what you're missing out on. See, what this really could be is a gigantic favor to both you and your future husband to find out that you're not missing out on anything. I'm just as big a loser as he is, totally unmotivated, totally boring, and, uh, you made the right choice, and you're really happy.

Celine: Let me get my bag.


Hoje como antes...

"Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio: a incapacidade de pensar, a amoralidade e a hiperexcitação."
*
"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver, e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar."

in "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

movies and words...



Street Poet:

Daydream delusion, limousine eyelash / Oh baby with your pretty face / Drop a tear in my wineglass / Look at those big eyes / See what you mean to me / Sweet-cakes and milkshakes / I'm a delusion angel / I'm a fantasy parade / I want you to know what I think / Don't want you to guess anymore / You have no idea where I came from / We have no idea where we're going / Lodged in life / Like branches in a river/ Flowing downstream / Caught in the current / I carry you / You'll carry me / That's how it could be / Don't you know me? / Don't you know me by now?


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

...por isso quero falar contigo.

(…) – Perguntar o quê?... – diz em voz baixa, com uma ênfase depreciativa, como se fizesse troça de si mesmo. – O que é que se pode perguntar das pessoas com palavras? O que vale a resposta que uma pessoa dá com palavras e não com a realidade da vida?... Vale pouco – diz com determinação. – São poucas as pessoas cujas palavras correspondem por completo à realidade das suas vidas. Talvez seja esse o fenómeno mais raro na vida. Na altura, ainda não o sabia.

Agora não me refiro aos mentirosos, aos safados. Só penso que conhecer a verdade, adquirir experiências, de nada serve, porque ninguém consegue mudar o seu carácter. Talvez não se possa fazer mais nada na vida que adaptar à realidade com inteligência e cautela essa outra realidade inalterável, o carácter pessoal. É a única coisa que podemos fazer. E mesmo assim, não seríamos mais sábios, nem mais protegidos… Quero falar contigo, e ainda não sei se tudo aquilo que eu possa perguntar e tudo aquilo que tu possas responder não alterará os factos. Mas é possível a gente conhecer os factos, aproximar-se da realidade com a ajuda de palavras, perguntas e respostas: por isso quero falar contigo. (…)


Sándor Márai, As velas ardem até ao fim

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ela...

"ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Uma solidão de artista e um ar sensato de cientista… tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna."




(Caio Fernando Abreu)

Se eu fosse...



Se eu fosse um mês seria... Setembro

Se eu fosse um número seria... 13
Se eu fosse um planeta seria... Neptuno
Se eu fosse uma direcção seria... o sentido da minha vida
Se eu fosse um móvel seria... uma cadeira de balancé
Se um fosse um temperamento... rebeldia
Se eu fosse um líquido seria... água
Se eu fosse um pecado seria...orgulho
Se eu fosse uma pedra seria... ametista
Se eu fosse uma fruta seria... um morango
Se eu fosse uma flor seria... um nenúfar
Se eu fosse um clima seria... ameno
Se eu fosse um instrumento musical seria... uma viola acústica
Se eu fosse um elemento seria... água
Se eu fosse uma cor seria... azul
Se eu fosse um animal seria... golfinho
Se eu fosse um som seria... um beijo
Se eu fosse uma canção seria... todas as que me arrepiam
Se eu fosse um perfume seria... o da natureza
Se eu fosse um sentimento seria... Paixão
Se eu fosse um livro seria... um pouco de todos os que li e me encantaram
Se eu fosse um filme seria... o que ainda não vi
Se eu fosse uma comida seria... sorvete
Se eu fosse um cheiro seria... o meu
Se eu fosse um estado de espírito... inquietude
Se eu fosse um verbo seria... Viver
Se eu fosse uma peça de roupa seria... "jeans"
Se eu fosse uma parte do corpo seria... cérebro
Se eu fosse um momento do dia... o pôr do sol
Se eu fosse uma expressão seria... antes morrer de pé que viver de joelhos!
Se eu fosse uma palavra seria... coerência
Se eu fosse uma forma seria... irregular
Se eu fosse uma cidade seria... Porto
Se eu fosse uma estação seria... Outono

Se eu fosse uma frase seria... liberdade e amor sem restrições e sempre na verdade...

Simples prazeres...


Pudessem todas as minhas manhãs começar assim: ao ar livre, num jardim rodeado de flores e os meus cães contemplando a minha vista... com um café forte e um livro como companhia. Sem correrias, sem compromissos, sem horários. Só eu, um café, um livro, os meus cães, as minhas flores e os meus sonhos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Coisas em mim...

"Muito poucas pessoas me viram chorar por amor ou problemas, diga-se, "graves" do género. No entanto, basta matarem ou pior, torturarem, um animal à minha frente para me desmanchar em berros, choradeira, súplicas e outras coisas que tais. E por animal entende-se todos eles, incluindo as moscas, melgas, formigas, caracóis ... Ou seja, tudo o que mexa. E porquê? Porque, no meu certo e bom entender, os animais são como nós. Têm dores, sentimentos e logo, família e amigos (sim,podem rir, eu acho mesmo isso, não tenho culpa). Imaginem o que era estarem com os vossos amigos e família e vir um gigante e pisar o vosso namorado, só porque sim? Eu acho que os bichos todos se sentem assim quando pisamos ou matamos algum, apenas porque é giro ou porque nos estava a chatear muito ao almoço."

By June

"Coligação Europeia lança campanha para acabar com os testes em animais para cosméticos à venda na Europa"

"A ECEAE (Coligação Europeia para o Fim das Experiências em Animais), uma coligação líder de grupos de proteção dos animais na Europa, e cuja organização-membro portuguesa é a ANIMAL, lança hoje uma nova campanha que visa acabar com a venda, na Europa, de cosméticos e produtos de higiene pessoal que tenham sido testados em animais. Em Portugal, esta campanha será levada a cabo pela ANIMAL.

A partir de 2013, a UE terá que proibir a venda de todos os novos cosméticos e produtos de higiene pessoal que tenham sido testados em animais, mesmo fora do espaço UE. Contudo, as autoridades responsáveis estão agora tentando estender este prazo, e, isto acontece, mesmo havendo uma forte oposição pública quanto aos testes desses produtos em animais, e mesmo já existindo uma proibição na EU. Se a proibição das vendas for adiada, isso pode significar que, durante mais dez anos, milhares de coelhos, ratos, porquinhos-da-índia, entre outros, serão injetados, gaseados, e mortos com fins cosméticos."...

Notícia completa em ANDA - Agência de Notícias Direitos Animais

Por favor assinem a petição aqui - "No To Cruel Cosmetics"


Grupo de Lisboa da Campanha de Esterilização vai lançar uma providência cautelar contra o município de Lisboa...

"O Grupo de Lisboa da Campanha de Esterilização vai lançar uma providência cautelar contra o município por práticas lesivas do bem estar animal no canil/gatil de Lisboa.

Não é admissível que se prolonguem por mais tempo as condições de verdadeira tortura a que está sujeita a maioria dos animais detidos no canil/gatil de Lisboa, que são do conhecimento de todos e que têm merecido os maiores destaque e repúdio neste site (ver, por exemplo, posts de 29 de Outubro e de 13 de Agosto)

Lembramos que está a fazer um ano que a AML aprovou duas recomendações (post de 11 de Fevereiro) que não lograram acolhimento por parte do vereador Sá Fernandes e que em nada contribuíram para melhorar a gestão do canil.

Os resultados das duas reuniões, entretanto realizadas entre o Grupo de Lisboa e o vereador e a Drª Luísa Costa Gomes, responsável pelo canil, resumem-se a zero (posts de 29 de Abril e de 14 de Julho)

Por conseguinte, o Grupo de Lisboa decidiu, depois de várias reuniões, avançar para a justiça.

Conta-se com o trabalho pro bono do advogado e, nesta fase inicial, é preciso unicamente pagar 306 euros de taxa de justiça, pelo que se abre uma subscrição, com carácter de urgência, para atingir esse valor. Como se espera que os lisboetas (e não só) recebam esta iniciativa com uma forte simpatia, pequenas contribuições individuais, à volta dos 5 euros, serão suficientes (NIB 003507070000358840051, está em nome pessoal). Na coluna da direita do site, irão sendo publicitados os donativos recebidos.

Mais informações em breve neste site."

Campanha de Esterilização de Animais Abandonados

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Brasil, ajuda precisa-se já!!!!!....

"Canis com mais de 700 cachorros ilhados sofrem com falta de comida e medicamento em Nova Friburgo 700 cães sobreviventes fazem parte da maior calamidade pública do Brasil.




Além de Caramelo, cão que velava sua dona no cemitério, e do cachorro que foi levado pelas águas em resgate televisionado, Pipoca, Suzy, Estrelinha do Mato, Geralda, Chiquinha e Orelhinha e mais de 700 cães sobreviventes fazem parte da maior calamidade pública do Brasil. Eles vivem em dois canis na estrada da Fazenda da Laje, área de difícil acesso no distrito de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo (RJ). Ali, a quase 20 quilômetros do centro da cidade, em uma comunidade pobre no alto da encosta, não chega comida, água ou luz há uma semana. Os moradores contaram ao UOL Notícias que depois de um desmoronamento que durou mais de 10 minutos durante a madrugada de terça-feira a estrada foi coberta de terra No canil da ONG Combina, que cuida de aproximadamente 400 cães, vinte animais morreram por conta do isolamento.

As equipes de resgate jogaram comida e donativos durante um sobrevoo de helicóptero até que o acesso ao sítio seja liberado, mas a situação é preocupante.
No canil vizinho, mantido pela emprega doméstica Cristina Pacheco, 40, e por sua mãe, a aposentada Angelina Pacheco, 63, é possível chegar de carro, mas as condições são extremamente precárias no sítio de 150 m². A comida que Cristina conseguiu durante uma viagem ao centro da cidade é suficiente para alimentar seus 300 cachorros por apenas três dias. “O rio encheu e as casas de ração estão fechadas. Teve gente que perdeu tudo, teve a loja destruída… isso quando não morreu a família inteira. Além disso, o fornecimento era feito por Teresópolis, Petrópolis e Rio Bonito [que também sofrem com os efeitos dos deslizamentos e das enxurradas]”, explicou.

Ela não perdeu nenhum dos cães de rua que abriga, apenas aqueles que estavam doentes e não puderam receber tratamento médico por conta do bloqueio, mas pede urgentemente doações. Segundo a moradora, são necessários 75 quilos de ração por dia para os adultos e 25 quilos de ração para filhotes por semana, além de água, casinhas e remédios para epilepsia e problemas cardíacos.
Cristina acredita que em breve começará a receber animais de pessoas desabrigadas ou que morreram durante a tragédia, o que deve aumentar ainda mais o consumo. “Só não vieram ainda porque o abrigo é longe. A gente faz com amor, mas está complicado, viu. Não tenho mais condições de cuidar de tantos, mal tenho casa”, ressaltou. Ela explicou que mesmo assim os animais são abandonados na porta da casa dela. E, cada um chega com uma história mais traumática. Tem cão que foi achado no mato depois de ficar 15 dias uivando, ao lado do irmão e da mãe mortos. Tem cão cheio de tumor. Tem cão velho que o dono jogou na rua porque comprou um novo. Tem cão que levou paulada e pontapé de moradores. Tem cão que foi jogado no bueiro. “As histórias dos cachorros são emocionantes”, afirmou, com lágrimas nos olhos. O drama de Cristina também chama a atenção. Sua paixão pelos animais ganhou força depois que ela viu sua mãe ter um derrame e seu cachorro Lique ficar gravemente doente há 19 anos. Na época, fez uma promessa. Nunca mais colocaria um gole de bebida na boca e cuidaria dos animais, caso os dois ficassem bem. Deu certo. Hoje, dona Angelina é o braço direito da filha, Lique acompanhou as duas por 17 anos e ela largou o vício.


De lá para cá, o número de bichinhos adotados só cresceu. Mesmo assim, Cristina segue obstinada em sua promessa. Desempregada há cinco meses, ela parcela “em mil vezes” as casinhas de madeira, vai até os mercados “pegar os restos” que ela cozinha em 200 litros de água com fubá para alimentar os animais, faz feirinha de doação e aprendeu na marra a cuidar da saúde da “família”. Do quintal, tira a banana que os cães adoram. “Mas só dá para plantar isso, porque as formigas matam tudo aqui”, contou. Mesmo assim, lá pelas 5h da manhã eles choram de fome.


Quem quiser fazer doações para os canis pode entrar em contato: Cristina Pacheco – Tel. (22) 2527-3644 e (22) 9931-2009. Outra opção é deixar a ração paga em nome do Canil da Cristina nas seguintes lojas de Nova Friburgo: Rio Mex (av. Governador Roberto Silveira, 3404), Amor Correspondido (av. Júlio Antônio Thurler, 110 / loja 02), Pró – Campo (av. Governador Jeremias de Mattos? Fontes, 16), Peixes e Aquários (rua Monsenhor Miranda 23),Dog show (rua Joaquim Pereira Bispo452, São Jorge), Rações da Serra (Olaria), Casa Sabiá (av. Euterpe Friburguense), Allcatéia X Pet Shop(rua Jacira dos Santos Borges14, Riograndina) ONG Combina – Tel. (22) 2523- 9295 e (22) 9838-1272 – www.combina.org.br

Quem quiser fazer doações para outras ONGs da região Serrana acesse aqui".


Fonte: Anda - Agência de Notícias Direitos Animais.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pictures and words...


... "my kingdom for a kiss upon her shoulder
... all my riches for her smiles when i slept so soft against her
... all my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she's the tear that hangs inside my soul forever"...

domingo, 16 de janeiro de 2011

20 coisas sobre mim...

01: Sorrio sempre que presencio a troca de olhares entre velhotes ainda apaixonados;
02: Adorava perder-me pelo mundo;
03: Se me chateiam logo de manhã fico maldisposta para o resto do dia;
04: Adoro ver "surfar", mesmo que não o saiba fazer;
05: Quando estou sozinha em casa ligo a aparelhagem no máximo e sento-me na bancada da cozinha a olhar para o vazio;
06: Não suporto injustiças, falsidades e gente hipócrita;
07: Dizem que tenho mau feitio, que sou "torta", entre outras coisas;
08: Adoro o mar, mesmo que este me assuste, o fascínio é enorme;
09: Gosto bastante de me refugiar no meu casulo e isolar-me por uns tempos;
10: Acordo "rabugenta". (e se falam muito comigo levam com um olhar que é qualquer coisa do género "ou calas-te já ou enfio-te um sapato na boca".)
11: Adoro perder-me por horas a observar o negro céu alentejano, tão carregado de estrelas que por vezes ficamos com a sensação que o podemos tocar;
12: Agrada-me a solidão de uma igreja vazia;
13: No Outono diverte-me pisar folhas secas das árvores;
14: Olhar em direcção ao céu quando neva e sentir a suavidade dos flocos no rosto;
15: O prazer que me dá andar de eléctrico;
16: Caminhar pela praia, apenas eu e os meus cães;
17: Saborear um bom livro, que acompanho com boa música e excelente vinho (chocolate também cai sempre bem);
18: Andar descalça;
19: Caminhar sem destino;
20: Fechar os olhos num concerto ao sabor de uma incrível musica e sentir-me transportar para um qualquer lugar surreal...
21: ...

Touradas, espectáculo de sangue!

Em nome de?

...de uma tradição cruel
...de um prazer primitivo
...de um triste querer
...de um "divertimento" egoísta
...de um deficit emocional
...de um tempo frívolo
...de uma "tacanhez" cultural
...de uma incoerência mental
...de uma paixão inglória
...de um relativo humanismo
...de uma luta desigual
...de um espectáculo de sangue imoral!...


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

"ABRIGOS DE ANIMAIS SÃO DESTRUÍDOS PELAS CHUVAS NO RIO DE JANEIRO"



(...)

"Mais uma vez, a tragédia que atinge os humanos, nesse caso as chuvas, atinge também aos animais. Pior ainda, para os animais dos abrigos, pois vivem presos e indefesos a espera de um dono que nunca aparece, e quando aparece só quer saber dos mais bonitos." (...)


(...)Os protetores da região, além da preocupação em salvar os animais das enchentes ainda viram a maioria de seus abrigos destruídos em cidades que viraram um verdadeiro caos, sem luz, telefone e até mesmo sem celular. Muitos canis foram destruídos pelas chuvas e pelos ventos fortes e muitos animais ficaram gravemente feridos e outros traumatizados.(...)


(...)A região inteira precisa de socorro urgente, medicamentos, alimentos para os animais e até mesmo pessoas que possam ajudar a reconstruir tudo que foi destruído.(...)


Desenvolvimentos aqui - Jornal Defesa dos Animais

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Vou lá fora só fumar um cigarro..

"Gosto de fumar um cigarro quando me apetece. Não sou fumadora assídua, nem posso ser chamada de fumadora porque não o sou. No entanto gosto de poder sair de algum sítio para isso mesmo: fumar um cigarro. É uma desculpa para me isolar, apesar de não conseguir explicar isso como deve ser para que alguém o perceba. Gosto de sair de um jantar, de um restaurante, de uma festa, de um bar, de um grupo de pessoas e de ver outras coisas. Gosto de me sentar no chão, acender um cigarro e observar o mundo. Ver as gotas da chuva caírem no chão, o cigarro a arder, as formigas seguirem o seu caminho no carreiro que lhes é familiar ou observar as pessoas que passam nos seus carros e imaginar em que irão elas a pensar: no que irão fazer para o jantar, como vão pagar a prestação da casa este mês ou no filho da puta do patrão que os obrigou a ficar até tão tarde no trabalho que tanto detestam. Gosto de sair do meio de música, barulho, vozes e gargalhadas para ouvir o mundo seguir o seu ritmo natural, voltando depois para o ambiente onde me encontrava. E, se eu me levantasse de uma mesa argumentando 'vou só lá fora ver as formigas e os carros a passar', era certo e sabido que iria ver todos os ocupantes olhar para mim com cara de quem não percebeu se eu estava a gozar ou se batia mesmo mal da cabeça. É estúpido que a sociedade aceite mais naturalmente alguém que se ausenta para ir fumar do que alguém que sai para ir ver o mundo. Mas é assim. Portanto saio, sento-me onde der e observo o que puder. E quando dou conta já ouvi e vi mais do que fumei. E o cigarro já acabou. E eu tenho de voltar para o outro mundo onde toda a gente faz barulho mas não vê nem ouve o que interessa."

Por "June"

Pictures and words...

Post - it...

Pendentes...

Riscar consoante o que foi feito :

01. Pagar uma bebida aos amigos.
02. Tocar num tubarão.
03. Dizer “eu amo-te” sentindo amor de verdade.
04. Abraçar uma árvore.
05. Achar que vai morrer.
06. Ficar acordado a noite inteira e ver o nascer do sol.
07. Não dormir por 24hrs.
08. Cultivar e comer os seus próprios vegetais.
09. Dormir sob as estrelas.
10. Mudar a fralda de uma criança.
11. Ver uma estrela cadente.
12. Ficar embriagado.
13. Doar coisas para a caridade.
14. Olhar para o céu e achar o cruzeiro do sul.
15. Ter um ataque de riso na pior altura possível.
16. Fazer uma luta de comida.
17. Apostar e perder.
18. Convidar um estranho para sair.
19. Fazer guerrinha de papel.
20. Gritar o mais alto que puder.
21. Tocar num cordeiro.
22. Andar de montanha russa.
23. Dançar como um louco e não se preocupar se estão a olhar.
24. Falar com sotaque por um dia inteiro.
25. Estar mesmo feliz com a sua vida.
26. Ter dois hard drives para o computador.
27. Conhecer o seu país.
28. Cuidar de alguém embriagado.
29. Ter amigos fantásticos.
30. Dançar com um estranho.
31. Roubar uma placa/sinal de trânsito.
32. Fazer um passeio de noite na praia.
33. Ficar de coração partido mais tempo do que se esteve realmente apaixonado.
34. Sentar na mesa de um estranho num restaurante e comer com ele.
35. Imitar uma vaca.
36. Fingir que se é um super-herói.
37. Cantar karaoke.
38. Mergulhar.
39. Beijar à chuva.
40. Brincar na lama.

41. Brincar à chuva e dançar à chuva.
42. Apaixonar-se e não ficar de coração partido.

43. Visitar locais ancestrais.
44. Fazer uma arte marcial.
45. Entrar num filme.
46. Ser penetra numa festa.
47. Ficar sem comer 5 dias.
48. Fazer um bolo sozinho.
49. Fazer uma tatuagem
50. Receber flores sem razão.
51. Representar num palco.
52. Gravar música.
53. Ter um caso de uma noite.
54. Guardar um segredo.
55. Cantar bem alto no carro e não parar quando perceber que tem gente olhando.
56. Sobreviver a uma doença em que se podia ter morrido.
57. Perder dinheiro.
58. Cuidar de alguém com dor de cotovelo.
59. Fazer uma festa fantástica.
60. Partir o coração de alguém.
61. Fazer um piercing.
62. Andar a cavalo.
63. Fazer uma grande cirurgia.
64. Comer sushi. (Nunca o farei...)
65. Ter uma foto sua no jornal.
66. Mudar a opinião de alguém sobre alguma coisa em que acreditas profundamente.
67. Fazer de um insecto um animal de estimação.
68. Seleccionar um autor importante que não trabalhaste na escola e lê-lo.
69. Comunicar com uma pessoa sem partilharem uma língua comum.
70. Escrever a tua própria linguagem no computador.
71. Escrever um livro.
72. Pensar que vives um sonho.
73. Pintar e rapar o cabelo.
74. Resgatar um animal abandonado da rua.
75. Matar a fome a um estranho.
76. Dizerem-te que és a mais linda mulher do mundo.
77. Dar sangue.
78. Tornar-te "Vegan".
79. Ser chamada de louca.
80. Fazer a viagem da tua vida.
81. Ter como melhor amigo um animal de quatro patas.
82. Ser activista.
83. Fazer Yoga.
84. Sentires que és fundamental na vida de alguém.
85. Não deixar nada por dizer.
86. Fazer "queda-livre".

87. Salvar a vida de alguém... ...

"Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho" ...

Fernando Pessoa

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

..."Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda."...


Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda

"Ando obcecada com isto porque sei que é verdade"


Há uns três dias, numa conversa telefónica, disseram-me que eu afastava as pessoas*. A conversa continuou mas eu não ouvi mais nada, estanquei naquilo. No fim da conversa, a única coisa que consegui dizer foi 'é verdade. Eu afasto as pessoas'. Afasto as pessoas quando sei que elas já me conhecem minimamente para poderem adivinhar que vou adorar aquela música que acabaram de encontrar ou o que é que vou responder àquela pergunta. Afasto as pessoas porque ainda não estou preparada para as manter comigo muito tempo, porque não consigo suportar que simplesmente tentem tomar conta de mim ou certificar-se da minha felicidade. E foi preciso dizerem-me para o perceber e pensar nos casos antigos para concluir que isto 'é verdade. Eu afasto as pessoas'.

By "June"

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Se há coisa que eu gosto mesmo é de conversar com velhos.

"Gosto de conversar com o meu avô. Gosto, é verdade. A maioria pode achar secante, mas o que uns consideram 'cara de seca' eu considero arrogância por não aproveitarem a oportunidade que têm nas mãos de aprenderem pontos de vista, opiniões e vivências completamente diferentes. É verdade que as opiniões das pessoas da geração de 40, 50 divergem muito das da geração de 80, 90 mas, sinceramente, como é que isso poderia não acontecer quando se tem 50 anos de experiência pelo meio? Enerva-me que cortem conversa quando um velho está a (tentar) falar. Tira-me do sério. De repente, é como se aquela pessoa passasse a ser uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar quando, na verdade, tem mais do que as pessoas que lhe cortaram a conversa. E confesso: prefiro conversar com pessoas mais velhas do que com pessoas mais novas, na maioria dos casos.Gosto de falar sobre as revoluções, o país, a diferença entre o antes e o agora. É bom variar entre as típicas conversas de café onde saímos tal e qual como quando lá entrámos. Gosto de conversar com o meu avô. Ele gosta de me relembrar que se orgulha muito de mim e que reza por mim todas as noites e eu coro até à raiz do cabelo porque não sei o que é que hei-de dizer, e portanto abraço-o. Gosto de falar, não gosto de discutir. Porque há assuntos em que somos os dois inflexiveis. Não vale a pena dizer-lhe que, para mim, a tourada é um crime porque ele vai dizer-me logo de seguida que os touros são feitos mesmo para isso. E eu depois não me vou conseguir conter. Mas gosto de conversar com ele, e com os outros. Desde que se interessem pelo que digo e não me tratem como se eu fosse uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar."

Por "June"

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Como alguém uma vez me disse: "Dúvida sempre!"...




"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura. já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."

Agostinho da Silva

Marcha "Cidadãos Por uma Nova Lei de Protecção dos Animais em Portugal", Lisboa, 9 de Abril de 2011.


"No próximo dia 9 de Abril venha participar na Marcha de “Cidadãos Por Uma Nova Lei de Protecção dos Animais em Portugal”. A ANIMAL apela à participação de todas/os neste evento de apoio à Campanha Iniciativa Legislativa de Cidadãos “Por uma Nova Lei de Protecção dos Animais em Portugal”.

www.animal.org.pt

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"Animais de Rua celebra protocolos de cooperação com a Câmara Municipal de Cascais e a Junta de Freguesia de Leça da Palmeira"

"Vimos partilhar consigo duas notícias que nos encheram de alegria e que tornarão a nossa meta comum, de melhoria das condições de vida dos animais carenciados do nosso país, um pouco mais próxima!

Este mês, a Animais de Rua celebrou protocolos de cooperação com a Câmara Municipal de Cascais e com a Junta de Freguesia de Leça da Palmeira com vista à esterilização de animais carenciados das respectivas localidades. Através da união de esforços entre a associação e os orgãos de poder local, será possível realizarmos um trabalho muito mais eficaz em prol dos animais, que tão negligenciados têm sido em Portugal.
Felizmente, os tempos começam finalmente a mudar, os poderes públicos começam a dar resposta à exigência que os cidadãos portugueses há muito tempo fazem aos seus governantes: que os animais sejam tratados com o respeito e a compaixão que todos os seres sencientes merecem.
Sintra, Cascais e Leça da Palmeira traçaram um exemplo que esperamos que muitas outras autarquias sigam - um caminho de cooperação e entre-ajuda com as associações de protecção animal, que desempenham um serviço público que é da responsabilidade de todos.
Por último, não podemos deixar de agradecer-lhe a si, que tem estado ao nosso lado nesta luta, ajudando-nos a superar os obstáculos que encontramos pelo caminho, celebrando connosco as nossas vitórias e dando-nos ânimo para continuar a servir, o melhor que podemos e sabemos, os animais.
Desejamos a todos um Ano Novo cheio de sucessos e realizações e que 2011 seja um ano mais solidário para os nossos animais!
A equipa da Animais de Rua"

Fonte: Associação Animais de Rua — Esterilização e Protecção de Animais em Risco

" Procriação nos canis/gatis municipais/CRO"

"Exma Senhora Directora Geral da DGV , Drª Susana Guedes Pombo

Trazemos ao conhecimento de V. Exª, com um pedido de esclarecimento e intervenção urgentes, a seguinte situação;
Tendo chegado ao conhecimento desta Campanha de Esterilização de Animais Abandonados a existência de uma cadela prenhe nas instalações do canil de Vila Nova de Gaia foi estabelecido, hoje, dia 3 de Janeiro, contacto telefónico com o veterinário daquela unidade, Sr. Dr. Peres, a fim de retirar a cadela do canil para ser esterilizada e encaminhada para adopção.
O Dr. Peres afirmou que “se recusa a dar cadelas para provocar abortos”, “dado ser contra a sua consciência matar cachorros”, e que “as cadelas vão parir aqui, vão criar os filhos aqui e depois é que estão em condições de sair”.
Pelo que se deduz das afirmações daquele médico veterinário, trata-se de uma prática corrente naquele canil onde, no entanto, foram abatidos, entre 2002 e 2006, uma média anual de 580 animais. (http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/

DetalhePerguntaRequerimento.aspx?ID=38626)
Na reunião realizada na Secretaria de Estado das Florestas, em 31 de Agosto de 2010, com a presença da Srª Drª Albertina de Vasconcelos, pedimos esclarecimentos sobre os nascimentos de animais em canis municipais, tendo-nos sido dito que as indicações da DGV são de que tal não deve acontecer.
Assim sendo, vimos solicitar a intervenção urgente de V. Exª, a fim de que se possa proceder à esterilização das fêmeas prenhes que se encontram no canil de Gaia e seja posto fim a esta prática de nascimentos, neste como, eventualmente, noutros canis do país.
De facto, quando a sociedade civil se mobiliza (vide o recente abaixo-assinado, de mais de 200 figuras públicas, solicitando ao Sr. Ministro da Agricultura uma Campanha Nacional de Esterilização de Cães e Gatos) para promover a esterilização, único método capaz de estancar a sobrepopulação de cães e gatos e o crescimento do abandono e dos abates nos canis (estimados em mais de 100 000/ ano em todo o país), não é aceitável que num canil municipal se deixem nascer animais cujo destino, altamente provável, é o abate.
Aguardando uma resposta de V. Exª, apresentamos os melhores cumprimentos."

Fonte: http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/

domingo, 2 de janeiro de 2011

Eternamente


E escrevi o teu nome e o teu número de telefone numa página da agenda do mês de Fevereiro.

E, ao escrevê-lo, sabia que era uma despedida, mas todo o mês de Março nos arrastámos na despedida, como caranguejos na maré vazia. Sem ti, lancei outras raízes, construí pátios e terraços, fontes cujo som deveria apagar todos os silêncios, plantei um pomar com cheiro a damasco, mandei fazer um banco de cal à roda de uma árvore para olhar as estrelas no céu, um caminho no meio do olival por onde o luar pousaria à noite, abóbadas de tijolo imaginadas pelo mais sábio dos arquitectos e até teias de aranha suspensas do tecto, como se vigiassem a passagem do tempo. Nada disso tu viste, nada te contei, nada é teu. Sozinhos, eu e a aranha pendurada na sua teia, contemplámo-nos longamente, como quem se descobre, como quem se recolhe, como quem se esconde. Foi assim que vi desfilar os anos, as paredes escurecendo, um pó de tijolo pousando entre as páginas dos mesmos livros que fui lendo, repetidamente.
Heathcliff e Catarina Linton destroçados outra vez pela minúcia do tempo.
Como explicar-te como tudo isto se te tornou alheio, como tudo te pareceria agora estranho, como nada do que foi teu vigia o teu hipotético regresso? Ulisses não voltará a Ítaca e Penélope alguma desfará de noite a teia que te teceste.
E arranquei a página da agenda com o teu nome e o teu número de telefone. Veio a seguir Abril e depois o Verão. Vi nascer a flor da tremocilha e a das buganvílias adormecidas, vi rebentar o azul dos jacarandás em Junho, vi noites de lua cheia em que todos os animais nocturnos se chamavam rãs, corujas e grilos, e um espesso calor sobre a devassidão da cidade. E já nada disto, juro, era teu.
E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes.
Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia
ser meu para sempre."

In "Não te deixarei morrer, David Crockett" - Miguel Sousa Tavares